Eu esperava uma apresentação contida, com o cantor sentado em um banquinho, desfiando sucessos que o público conhece, afinal o artista completa 87 anos no mês que vem. Estava enganado. Moacyr Franco entrou no palco, agradeceu os aplausos e correu para a plateia, subindo correndo a escada lateral do auditório, retornando pelo corredor central. Ao microfone disse: “Agora tenho que recuperar o fôlego. Essa escada engana, pensei que fosse menor…”
Sem ficar parado um momento, Moacyr cantou velhos sucessos, ensinou ao público duas canções novas (ou pouco divulgadas) e brincou muito com a plateia, especialmente pela idade dos presentes, uma faixa etária alta. “Tudo aqui é velho, igual eu”, disse algumas vezes de formas diferentes.
A música de abertura foi “Ainda ontem chorei de saudade”, que foi “ressuscitada” pela dupla João Mineiro e Marciano em 1988, depois de ficar esquecida por muitos anos. A plateia cantou junto e continuou fazendo coro com “Eu nunca mais vou te esquecer”.
Entre músicas cantadas no palco e no meio da plateia, Moacyr cantou algumas valsinhas e convidou as senhoras para dançar com ele. Depois de alguns volteios, o cantor agradecia à fã com um beijo no rosto. Uma das “eleitas”, mais afoita, virou a cabeça na hora do beijo, que acabou sendo dado na boca. Moacyr aproveitou e beijou com vontade (pelo menos é o que aparentou para todos).
Ao final da apresentação, não houve pedidos de “bis” – eu estranhei -, mas ele avisou que tiraria fotos com todo mundo na porta do Teatro Ademir Rosa, onde foi a apresentação. Quando cheguei ao hall, muita gente esperava pelo cantor. Fiquei também e depois do empurra-empurra consegui cumprimentar o Moacyr Franco. No aperto de mãos, eu disse “muito obrigado”. Ele olhou para mim e me deu um abraço, falando “Obrigado a você”.
E assim fiquei conhecendo um dos cantores, apresentadores e comediantes de maior sucesso da minha infância e juventude. Valeu.