Vi em um supermercado um objeto que acreditei ser um Vape, ou cigarro eletrônico, que agora está proibido. Como estou desatualizado com estas coisas modernas, achei estranho encontrar em um mercadinho de bairro um produto que acreditava ter um preço alto. Mas podia ser um modelo econômico, popular, descartável, do tipo dá-uma-tragada-e-joga-fora, não sei.
Perguntei o que era aquele aparelho e fui informado se tratar de um modelo de isqueiro, para facilitar acender fornos, lareiras e churrasqueiras, por exemplo, sem queimar a mão do freguês.
Gostei da novidade. Um dos muitos medos que tenho é o de acender o forno no fogão a gás. Quando meu pai comprou aquele eletrodoméstico para nossa família, mãe nos orientou a sermos cuidadosos ao acender o forno, pelo perigo de ocorrer uma explosão se houver acúmulo do gás no interior dele.
Para aumentar o meu temor, vi os efeitos de uma explosão de botijas de gás em um restaurante no centro de Belo Horizonte, que aconteceu uma hora antes do horário que eu costumava passar. O balcão frigorífico cheio de garrafas de cerveja foi arremessado no meio da rua.
Criei, na minha imaginação, a imagem de um dragão que vivia dentro dos fornos dos fogões a gás. Se você der bobeira, ele cospe fogo na sua cara e aí, meu amigo, bau-bau.
Quando eu tenho que executar essa tarefa, abro as portas e janelas da casa e depois a portinha do forno, acendo o fósforo e, só então, abro a válvula do gás. Já aconteceu do palito de madeira se quebrar antes do forno se acender e eu fechar rapidamente a torneira do gás.
Ultimamente tenho usado um acendedor comprido que produz faíscas e estas fazem o gás entrar em combustão. Dá para ficar um pouco afastado, mas mesmo assim continuo com medo. E medo não faz mal a ninguém. Muito pelo contrário.
[Crônica CXIV/2024]