Tenho o hábito de, ao voltar da academia de manhã cedo, passar em um mercadinho do bairro para comprar o pão-nosso-de-cada-dia. Na quarta-feira passada não tinha pão. Se desculpando, o proprietário disse que o “homem do pão”, que sempre faz a entrega às 5h30, estava atrasado (soube depois que o cara só chegou perto das 9 horas. Aí a Inês já estava morta).
Isso me fez lembrar um perrengue que passei quando trabalhava no Fiero (Federação das Indústrias de Rondônia), na década de 1990, e fui encarregado de promover um café da manhã com jornalistas de Porto Velho.
Aprovei com o presidente a data e horário, a lista de convidados – que incluiu alguns nomes de profissionais que ele fazia questão de serem chamados – os brindes e a empresa que forneceria o rega-bofe. Fui providenciar tudo, distribuir os convites e fazer a confirmação de presença.
No dia do evento, os convidados chegaram na hora marcada e encontraram a mesa posta no salão do prédio. A coisa mais linda do mundo! Café, leite, água, sucos, frutas – in natura e salada -, iogurte, cereais, bolos, salgadinhos, coisas para cachorro-quente, e outras guloseimas das quais não me lembro mais.
O presidente cumprimentou a todos, disse algumas palavras, em seguida convidou para que se servissem e a comilança foi iniciada.
De repente um dos convidados – o colunista Sérgio Valente – perguntou alto para que todos ouvissem: Cadê o pão francês? Nunca vi café da manhã sem pão francês.
Ninguém tinha notado a falta do bendito pãozinho de trigo. O responsável pelo buffet ficou sem ação e a minha cara foi parar debaixo da mesa de tanta vergonha. Providenciaram os pães na padaria da esquina, mas o estrago já tinha sido feito.
O responsável pelo buffet se esqueceu do pãozinho e eu, maravilhado com a variedade de itens, não percebi que faltava o ator principal.
[Crônica CIII/2024]