
Ariano Suassuna de Assis ou, oficialmente, “A Terceira Idade de São Francisco” (Arte Gildásio Jardim Barbosa, 2021)
A inspiração para esta postagem foi uma ilustração que vi no Instagram, com a legenda: “A terceira idade de São Francisco” e mais nada. Eu gostei da obra e fui pesquisar o autor, e cheguei ao mineiro, do Vale do Jequitinhonha, Gildásio Jardim Barbosa.
O trabalho chamou minha atenção por retratar – em feições de São Francisco – o escritor Ariano Suassuna, que há dez anos, na data de hoje (23), morreu aos 87 anos. Ele foi escritor, dramaturgo, poeta, filósofo, artista plástico, professor e advogado. Em 2012 o Senado Federal o indicou como representante do Brasil para o Prêmio Nobel de Literatura.
Sou fã do Suassuna e fico feliz quando descubro trabalhos e palestras dele na internet, pois é um daqueles brasileiros que valorizam a cultura popular. As obras que deixou demonstram a influência que recebeu da literatura de cordel, dos trovadores e repentistas nordestinos e do modo de vida daquela região. Ele também influenciou muitos escritores e artistas, que desenvolveram a arte a partir das pesquisas que Ariano realizou.
Um dos destaques da obra dele é a peça teatral “Auto da Compadecida”, que li no formato livro, e que se tornou referência literária desde 1955, quando foi escrita. No cinema, o filme homônimo fez tanto sucesso que estão terminando a sequência, mais de 20 anos depois da primeira adaptação.
A personagem principal do “auto” é o “João Grilo”, um herói folclórico que veio para o Brasil nas caravelas portuguesas e representa aquela figura que tem como atividade a arte de enganar as pessoas para a própria sobrevivência. É o “ixperto”, que se reúne com outro malandro popular, o “Chicó”, que é um mentiroso compulsivo para enganar “ozotro”.
Eita! Eu já ia encerrar o texto sem justificar o título.
Ariano Suassuna dizia que gostava dos doidos, e explicava porquê: “Eu gosto muito de história de doido. Não sei se é por identificação. Mas eu gosto muito. Eu tenho um primo, Saul. Uma vez ele disse para mim. ‘Ariano, na família da gente quem não é doido junta pedra pra jogar no povo’. Mas o doido vê as coisas de um ponto de vista original, por trás da aparência. Como escritor eu procuro isso.”
[Crônica XCXI/2024]