Quando criança assistia com regularidade aos episódios de Batman, que eram exibidos na tevê no final dos anos 1960.
Dentre os vilões costumeiros – Pinguim, Charada, Mulher-Gato e Coringa – este último, na minha opinião, era o mais perigoso. Eu ficava apreensivo quando o Coringa revelava seus planos malígnos de envenenar os ‘gothanianos’ com um tal gás hilariante. A ideia do nefando bandido era fazer as pessoas, literalmente, morrerem de rir. E eu não achava isso divertido.
Anos depois, encontro-me tomando conhecimento de que a polícia portuguesa está trabalhando muito para controlar e deter o aumento do uso do óxido nitroso, ou N2O, como mais uma droga para se conseguir o bem-estar.
Segundo o jornal Público, de Lisboa, a PSP (a polícia) apreendeu, durante a realização de um festival de música, mais de 70 frascos de óxido nitroso – entre outras drogas. A proibição ao uso do produto fora da área médica foi decretada em 2022 e, desde então, já foram feitas 250 apreensões.
O que eu não sabia é que óxido nitroso é o mesmo gás do riso que o Coringa queria usar. O jornal explica que a substância é inalada através de balões de festa de aniversário e, conforme os policiais, provoca “efeitos euforizantes, analgésicos e ansiolíticos”, traduzindo: sensação de tontura, relaxamento e felicidade, e até riso sem motivos aparentes.
Como toda droga, a longo prazo, o óxido nitroso pode causar dependência e levar à morte. A substância já tem o uso recreativo proibido no Reino Unido (onde foi registrado um caso de morte), Holanda e no estado norte-americano da Louisiana. Alemanha, Espanha e França também cogitam proibir.
No Brasil, o uso do gás hilariante ainda está restrito a consultórios odontológicos, mas em breve teremos gente rindo à toa por aí.
[Crônica XCX/2024]