O “olho que tudo vê” e o planeta LHS-1140 b (Montagem JCarlos/Ilustra sem autoria e imagem da Benoit Gougeon, Université de Montréal)
Certa tarde, no intervalo entre as atividades do dia e o jantar, um colega do serviço militar – o Penido – e eu mantínhamos altas conversas aleatórias, quando ele perguntou-me repentinamente: “Sá, você já imaginou que a Terra, o nosso planeta, pode ser uma simples célula do corpo de um ser superior?”
Respondi rapidamente “Eu não!”. E, conscientemente, não pensei mais no assunto, mas subliminarmente, a pergunta me incomoda até hoje e, olha, já se passaram 44 anos!
Há alguns dias li a respeito do aniversário de cinquenta anos de lançamento do disco “A Tábua de Esmeraldas”, do cantor e compositor Jorge Ben, em que ele perguntava e respondia em uma das músicas do álbum: “Eram os deuses astronautas? / Nem deuses, nem astronautas…”
Mas o que tem a ver o meu ex-colega Penido e o Ben Jor com essa crônica de hoje e seu sugestivo título? Tudo e nada, como diria Tim Maia.
É que li (só) hoje sobre a descoberta do planeta LHS-1140 b, a “apenas” 48 anos-luz daqui, ou 456 trilhões de quilômetros (mais longe do que ir de carro de Santa Catarina a Rondônia!). Esse planeta tem a possibilidade de ter água e poderia ser habitável pelos terráqueos, já que estamos inviabilizando a nossa casa para um futuro não tão distante.
O que chamou minha atenção foram as ilustrações a partir de fotos do telescópio espacial James Webb e da Inteligência Artificial, que mostram o ‘novo’ planeta com o formato de um globo ocular. “Com um oceano semelhante a uma íris, rodeado por um mar de gelo sólido — o que o torna um candidato a um mundo potencialmente habitável”, dizem os astrônomos que fizeram a descoberta.
Ao ver aquele “olho”, que na ilustração é um pouco maior que o nosso planeta Terra, lembrei do Penido. E se o tal olho pertence a Aquele que é onisciente, onipotente e onipresente? E que tudo sabe e a tudo vê? E está olhando para nós agora?
Hein?
[Crônica XCIX/2024]