Quando a jornalista e comentarista de economia Lillian Witte Fibe disse que “a globalização é inexorável”, lá no início dos anos 2000, não pensei que ia chegar a tanto.
Em um arraial a que fomos convidados, a relação dos pratos oferecidos pelos donos da casa e a ser levados pelos convidados, me fizeram pensar que eu iria a uma festa para o pessoal da ONU (Organização das Nações Unidas): era “artamente internacioná”, como diria o poeta Jessier Quirino.

Aqui, um pequeno exemplo da mesa do arraiall. Em primeiro plano, o bolo de fubá com goiabada (Foto Marcela Ximenes)
Veja alguns: o doce de origem árabe torrone; marshmallow egípcio, palha italiana, “pastel de vento” (o pastel vem da China, mas o vento é local) e pasteizinhos; pizza gaúcha (origem italiana, com um toque do Sul), Nega maluca (bolo ‘afrodescendente’); bolo indiano; e mini churros, cuja origem é incerta, porém a invenção também é atribuída aos chineses. O cachorro-quente tem tripla nacionalidade: o pão é egípcio, a salsicha é alemã e a ideia de colocar a salsicha dentro de um pão é de um norte-americano.
Para dar o toque local de uma aldeia global – conforme a teoria de Marshall Mcluhan, que aprendemos na faculdade de jornalismo -, também tinha amendoim doce (cri-cri) e salgado; pé-de-moça (é uma variação do pé-de-moleque com leite condensado. Conheci aqui em SC e acho uma delícia) e pé-de-moleque; bolo de fubá com coco e com goiabada; pinhão; pipoca; paçoquinha; e a indefectível canjica (argh!).
Como complemento supraregional, prometeram levar pão de queijo, torta salgada, pipoca, caldinho de feijão com bacon e suco de uva.
Foi uma confraternização de pratos de todas as raças…
P.S. O texto é de antes da festa e as fotos do durante
[[Crônica LXXX/2024]]