Ultimamente tenho sido, cada vez mais, atraído por notícias estranhas. Desta vez foi uma que contava a história de um rim que sumiu do corpo da dona dele.
Diz-que uma idosa morreu dia 31 de março em um hospital de Taguatinga – DF, depois de ter passado mal desde o dia 22, quando completou 74 anos.
A família estranhou várias coisas: a) foram impedidos de ver o corpo, sob alegação de suspeita de Covid; b) o pedido de necrópsia também foi negado pelo mesmo motivo; c) o hospital informou que a mulher morreu de infecção urinária, mas na certidão de óbito diz que foi “morte por peritonite aguda fibrino purulenta, devido a diverticulite perfurada de colo sigmóide, em portador de hipertensão arterial e diabete melito”, também conhecida como infecção por fezes e urina na cavidade abdominal.
Superado isso tudo, um outro problema: o laudo do Serviço de Verificação de Óbitos apontou a falta de um rim. Acontece – dizem os familiares – que um exame de tomografia computadorizada, feita pelo próprio hospital cita “rins tópicos, de contornos, dimensões e atenuações habituais”, que é demonstrado pela imagem gerada pela máquina de exames.
A família alega que a idosa não era doadora de órgãos e que não foi procurada para a possibilidade de doação.
E o mistério continua
Em nota a Secretaria de Saúde do Distrito Federal se manifestou, devido à repercussão do caso, e afirmou que “não houve sinais de extração do órgão, o que foi confirmado pela ausência de cicatrizes ou evidências cirúrgicas no período da internação, sendo o caso objeto de um inquérito policial que vai apurar o ocorrido”. Ou seja, enquanto a paciente esteve oficialmente internada, nenhuma cirurgia foi feita. Isso é dedução minha.
Também explicam como um rim pode sumir: “a hipótese levantada é de que possa ter ocorrido uma atrofia do órgão devido a um processo infeccioso, comum em pacientes diabéticos com histórico de infecção do trato urinário, o que pode levar à diminuição de volume do rim”. Não encontrei, nas minhas pesquisas sobre o assunto, nenhuma manifestação da Polícia Civil, já que a família registrou um B.O. do sumiço nefrológico.
Um rim custa caro
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o “negócio” de tráfico de órgãos humanos só perde em rentabilidade para o tráfico de armas e está pau-a-pau com o tráfico de drogas. E mais, para a OMS , “cerca de 5% dos órgãos utilizados nas intervenções provêm do mercado negro”.
No Irã, único país onde se permite o comércio legal de órgãos humanos, um rim está custando a US$4.600 ou, na cotação de hoje (5/6/2024), R$24.380,00.
[Crônica LXXIV/2024]