Quando o carteiro – ou mensageiro, entregador, seja lá como for o nome do portador – chega no endereço indicado e o destinatário da carta ou encomenda não é conhecido no lugar, ele volta com o objeto para ser devolvido a quem enviou e deve anotar “destinatário desconhecido” para o remetente saber a razão da não-entrega.
Comigo aconteceu uma situação em que a correspondência destinada a mim foi enviada para um endereço em que eu deixei de residir há, exatamente, 29 anos. Depois que me mudei de lá, já morei em sete diferentes lugares, até o atual, onde resido há mais de cinco anos.
O mais estranho é que a correspondência enviada ao endereço antigo era relacionada à atual moradia. A inusitada confusão foi feita pela empresa que faz a coleta dos resíduos comuns e dos recicláveis, aqui em São José. Ela enviou o boleto da anuidade referente a 2024 para onde eu morei em Porto Velho até 1995
No endereço impresso na parte externa do envelope estava o endereço em Rondônia. No interior da correspondência, onde estão os valores a pagar, todas as informações da minha casa atual estão corretas, inclusive a matrícula do imóvel na Prefeitura de São José, município de Santa Catarina, a mais de 3.400 km de Porto Velho.
Entrei em contato com a empresa para saber o que tinha acontecido. Fui atendido por um robô que encaminhou a uma atendente pessoa. Ela não soube me explicar o que houve e transferiu para a supervisora dela, que se apresentou e pediu “um minutinho”.
Depois de duas horas (a conversa foi por whatsapp), ela voltou com a seguinte explicação: “Verifiquei melhor com o setor responsável e a orientação que recebi foi que para essa mudança do endereço de remessa registrado é necessário entrar em contato diretamente com o CDL solicitando essa troca pelo endereço certo”.
Eu não aceitei a resposta, mas o atendimento já havia sido encerrado, com um pedido de avaliação do serviço, com o emoji de “carinha sorrindo” – Satisfeito, destacado em azul; a “carinha estou decepcionado”, aparecia em seguida, com as palavras “Não satisfeito”, escritas na cor cinza e foi a opção que marquei.
E assim continuo sem saber o que aconteceu para que a cobrança de um serviço prestado em São José há cinco anos fosse enviada para Porto Velho, e maior mistério: para um endereço que não é meu há 29 anos.
[Crônica LXXII/2024]