28 de maio de 2024

O pequinês voador

Por José Carlos Sá

O pequinês voou do alpendre lá para baixo, caindo na garagem da casa (Ilustra gerada por IA – Copilot/Microsoft.Com)

No café da manhã a Marcela comentou que, dos cinco cães aqui de casa, apenas a Fayga tem o focinho mais claro, quase marrom, enquanto no resto da matilha os focinhos são da cor preta. Desnecessário dizer que eu não tinha posto reparo nesse detalhe. Sei quem é quem, as particularidades comportamentais de cada um e só.

Lembrei que quando trabalhei nos Correios, lá na primeira metade dos anos 1970, ouvia de meus colegas a afirmação de que os cachorros de focinho claros (vermelho/marrom) são os mais bravos. 

E se eram carteiros – acostumados a levar mordidas e correr de cachorros – que diziam isso, eu não tinha razão para duvidar. Pessoalmente só tive uma experiência negativa com um pastor alemão, não lembro da cor do focinho dele, apenas do susto que ele me deu.

Voando do alpendre

Entre as histórias de cachorros x carteiros naquele período, me recordo de um causo que se passou com o meu colega Maurício. Ele levava correspondência pelo menos duas vezes por semana à casa de uma senhora idosa, que morava no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte.

O Maurício tocava a campainha e ela, que ficava sentada no alpendre sobre a garagem, mandava que ele entrasse e subisse as escadas, pois tinha dificuldades de locomoção. O carteiro obedecia e era recebido por um cachorrinho pequinês – era o cachorro da “moda” na época  – que invariavelmente mordia a canela dele antes que a dona reagisse.

Um dia, já aborrecido com a situação, Maurício resolveu reagir. Quando o cãozinho veio correndo na direção dele, o carteiro saiu para o lado. O cachorro derrapou no chão liso e caiu do alpendre sobre o carro da família, estacionado na garagem.

A mulher xingou bastante o Maurício e disse que iria denunciá-lo à direção dos Correios. A história correu rápido e, no dia seguinte, logo cedo, o nosso chefe chamou o Maurício num canto para se explicar. Vimos que o colega levantava as pernas das calças para mostrar as marcas dos dentes do monstrinho.

Ao final, Maurício levou uma advertência por escrito, pois a mulher disse, e ele admitiu, que quando o cachorrinho derrapou no piso, ele deu uma ajudinha – com a ponta do sapato – para que o bicho passasse do ponto de freada e caísse lá embaixo.

Coitados.

[Crônica LXX/2024]

Tags

Bairro Santa Tereza Belo Horizonte Correios Fayga Marcela Ximenes Pequinês 

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