Nathan Leopold e Richard Albert Loeb, ambos de 19 anos e filhos de famílias ricas, planejaram e mataram um adolescente de 14 anos. O crime aconteceu em Chicago, dia 21 de maio de 1924. Considerados com inteligência acima da média, estudaram e concluíram os cursos universitários com destaque. Eles acreditaram terem executado um crime perfeito.
Leopold e Loeb – como ficaram conhecidos na crônica policial após o crime – foram seduzidos pelo conceito de “super-homens” (Übermenschen) de Friedrich Nietzsche, cuja premissa era que “os seus intelectos superiores os isentava das leis da sociedade”. Penso que algumas pessoas levam a sério essa teoria até hoje.
Acreditando que estariam acima do bem e do mal, os dois atraíram o adolescente, que era vizinho deles, para um carro alugado, o mataram com golpes de cinzel, jogaram ácido clorídrico no rosto e órgãos genitais para dificultar a identificação, depois deram sumiço nas roupas do rapaz. O corpo foi escondido em um bueiro ao lado de uma rodovia estadual.
Um pedido de resgate* foi feito, com instruções complicadas de serem cumpridas. Mas o corpo foi encontrado antes do pagamento e junto dele um par de óculos feitos sob encomenda para um dos assassinos. Não precisa dizer mais nada.
Os dois réus confessos escaparam da pena de morte, mas pegaram cada um prisão perpétua, acrescentada de mais 99 anos por rapto. Loeb foi morto na cadeia e Leopold conseguiu liberdade condicional, após ficar preso 33 anos, e morreu aos 66 anos de ataque cardíaco.
A história serviu de argumento para filmes – sendo um deles “Festim diabólico”, de Alfred Hitchcock -, episódios de séries policiais, peças de teatro e livros.
“Você? Assassino? Prove!”
Eu li – há muitos anos – a história de um assassino que não conseguiu provar que havia cometido o crime. A intenção era ser reconhecido como um criminoso ardiloso.
Foi, mais ou menos, assim: o casal vivia brigando e a mulher ameaçava deixar o marido, a quem considerava um inútil, que não servia para nada. Ele, vítima de uma paixão doentia pela esposa, resolveu fazer alguma coisa grandiosa que a deixasse orgulhosa.
Bolou um crime, que teria repercussão, mas que a polícia não descobriria o autor. Dessa forma, ele cresceria no conceito dela. E assim fez.
No dia do crime, esperou a esposa dormir e saiu. Pegou um ônibus, desceu algum tempo depois, embarcou em outro coletivo e foi trocando de transporte até chegar à rodoviária, onde comprou passagens para três destinos diferentes. Escolheu ir para uma cidade próxima. Procurou uma poltrona no fundo do veículo e se fez despercebido.
No destino, vagou pelas ruas até encontrar um morador de rua embriagado e sozinho. Matou o homem indefeso com uma pedra, o cobriu com pedaços de papelão e voltou para casa, usando outro caminho, igualmente indireto.
Esperou, impaciente, a mulher acordar e contou, com todos os detalhes, o crime que cometera. Ela ouviu tudo com atenção e disse: “Prove que foi você que matou o mendigo!”.
No entanto, como havia encoberto todas as pistas com sucesso, não conseguiu provar à mulher o seu suposto ato de coragem. Os jornais noticiaram a morte como briga entre moradores de rua e o assunto foi arquivado.
O casal se separou e, sempre que a ex-mulher se refere a ele, diz que além de ser um inútil, era mentiroso.
Eu também já planejei um crime perfeito, mas deixei pra lá.
[Crônica LXVI/2024]
Pedido de resgate: Prezado senhor: Prossiga imediatamente para a plataforma traseira do trem. Observe o lado leste da pista. Tenha seu pacote pronto. Procure a primeira fábrica grande de tijolos vermelhos situada imediatamente ao lado dos trilhos, a leste. No topo desta fábrica há uma grande torre de água preta com a palavra campeão escrita nela. Espere até ter passado completamente pela extremidade sul da fábrica – conte cinco rapidamente e jogue imediatamente o pacote o mais para o leste que puder. lembre-se que esta é sua única chance de recuperar seu filho. Atenciosamente, George Johnson