Hoje escrevo sobre outra paixão literária que tenho além de História, que é o meu tema recorrente.
Aprendi a gostar de romances policiais com meu pai, que era leitor da revista Mistério Magazine, edição brasileira da Ellery Queen ‘s Mystery Magazine e o escritor e roteirista norte-americano Dashiell Hammett ocupa um lugar de destaque entre os meus autores preferidos na literatura em geral e o primeiro lugar no segmento “policial”. Ele foi o inspirador de outros bons escritores do tema.
Eu já havia lido, e tinha na estante, os livros O falcão maltês (o filme também é ótimo), Seara vermelha, Ferradura dourada, A chave de vidro, Ceia dos acusados, Maldição em família e o Grande golpe, que foram doados quando mudamos de Porto Velho.
“Tiros na noite” (L & PM, 2007, e-book) é uma coletânea “completa” de contos publicados entre as décadas de 1920 e 1930 nas revistas especializadas The American Magazine, Collier’s, Black Mask e Argosy All-Story Weekly e trazem o embrião do detetive Sam Spade – na minha opinião o mais copiado estereótipo de detetive particular da literatura e cinema -, um sujeito cínico, “de métodos pouco ortodoxos e que vive em conflito permanente com a polícia”.
Dividida em duas partes (Livro I e Livro II), a antologia tem contos muito bem escritos, em que você consegue “enxergar” a fisionomia das personagens, a paisagem de onde ocorre a ação e sentir o “miasma” emanado em salões de jogos onde os cheiros de perfumes e brilhantinas baratas se misturam a odores de suor e tabaco de cigarros e charutos.
No conto “Cidade pesadelo”, Dashiell Hammett descreve cenas de lutas com a maior precisão e, com a minha imaginação, consegui ouvir ossos se quebrando e os gemidos dos feridos. As cenas violentas narradas pelo autor inspiraram diretores como Quentin Tarantino, no filme Pulp Fiction, por exemplo.
Já na segunda parte do livro, não sei se foi proposital, os contos têm histórias que, mesmo acompanhando atentamente o desenvolvimento, o leitor não consegue chegar à mesma conclusão do autor. Os detetives desvendam os casos por um caminho que só o cérebro do escritor sabe qual é.
Foi uma boa leitura, que me despertou a vontade de ler outro livro de literatura policial que estava aqui na fila e do qual falarei em breve.