Li, por curiosidade, uma matéria sobre um atentado contra uma patrulha russa no contexto da guerra da Ucrânia. O texto informa que a lancha que transportava paraquedistas, na região da cidade ucraniana de Kherson, explodiu quando colidiu com uma mina aquática, fabricada pelos próprios russos.
A curiosidade não está no fato de russos terem sido vítimas de uma arma produzida por seus conterrâneos, mas pelo requinte de crueldade com que a mina foi fabricada.
A arma pesa 13 quilos, sendo três quilos de explosivos, é lançada por drones em corpos d’água – paradas ou correntes – e depois de afundar o “fusível se dissolve na água, permitindo que a mina suba até a superfície quando ativada. Ela é acionada pelo contato com a embarcação” e não é possível desarmá-la. Se for vista a tempo, a mina precisa ser detonada.
Também mata
Longe das guerras, a criatividade humana também dá mostras de que pode colocar sua inteligência e imaginação para o uso caseiro. Me lembro de um conto do Guimarães Rosa em que uma mulher, cansada de apanhar e sofrer abusos de toda sorte do marido, resolveu matá-lo.
Aproveitou uma noite em que ele foi dormir muito bêbado e derreteu pedacinhos de chumbo, que eram usados como peso nas pescarias, derramando o líquido fervente, através de um funil no ouvido da vítima. Diz-que ele nem gemeu. O médico, não tendo encontrado nenhum sinal externo de violência, assinou o atestado de óbito como morte natural, como consequência da cachaça.
Aqui perto, em Florianópolis, há alguns dias foram julgadas três pessoas acusadas do assassinato de um advogado. Uma das armas do crime foi uma máquina manual de moer carne.
Vejo nas manchetes outras formas de matar. Copiei alguns exemplos daqueles mencionados em sites de notícias num período curto de tempo, excluindo aquelas armas mais ortodoxas, como revólveres, automóveis etc. É uma lista curta, pois não estou defendendo tese nenhuma.
Usavam como armas serrinha de pão, faca de cozinha, faca de mesa, faca de escamar peixes, enxada, foice, pá, facão (terçado), pedra, corda de varal, ripa de madeira, pernamanca, tesourão de poda, garrafas de vidro, spray aerosol para provocar incêndio, halteres, chave inglesa, cabo de machado, machado e travesseiro, entre outras armas improvisadas.
Concluindo. Tem muito “MacGyver” do mau por aí.
[Crônica LVIII/2024]