Falei sobre a XV Festa Regional do Pão de Milho de São Bonifácio e sobre o pão de milho propriamente dito não escrevi quase nada.
Os imigrantes alemães trouxeram uma receita de pão que produziam na Europa, mas ao chegarem ao Brasil, no século 19, não encontraram os ingredientes a que estavam acostumados, o trigo e o centeio, e tiveram que adaptar os componentes. Para isso aprenderam com os povos que habitavam essas terras. Na província de Santa Catarina, eram os Laklãnõ/Xokleng.
Nessas “adaptações” passaram a adotar o cará e a batata-doce, junto com a farinha de milho moída em atafonas que usam pedras como moinho.
O cará e a batata-doce servem para deixar o pão mais úmido e macio. Nos dias atuais a receita básica continua a mesma, com o acréscimo de fermento, sal, ovo, açucar e bicabornato de sódio. Depois de ralados e escaldados, os tubérculos são misturados aos outros ingredientes, em seguida a massa deve descansar por uma hora e meia para crescer e ser levada ao forno (de preferência a lenha) a 500°C, em formas forradas com folha de caeté, durante uma hora. Ao ser retirado do forno, o pão tem uma crosta parecendo que queimou, mas é uma característica dele.
Eu soube, pesquisando sobre o pão de milho, que a produção da forma tradicional só é feita pela família Hawerroth, e já pode ser encontrado em alguns supermercados da Grande Florianópolis.
Trouxemos um pão de milho para experimentar. Acostumados aos pães feitos com trigo, achamos a massa pesada e eu, em particular, senti o sabor do milho lááááá bem longe, mas acho que é assim mesmo. Foi um bom acompanhamento para o café da tarde.
E assim, juntamos gastronomia com cultura.