Ontem fui fisgado pelo sugestivo título (eu sempre caio nesse truque) que o portal português Zap-Aeiou usou: “Quem é a múmia de Rio Tinto? Esteve 50 anos embrulhada em jornais dentro de uma parede”. Fiquei curioso e, como quase sempre acontece, o texto não responde a pergunta do título.
Fui investigar, afinal a curiosidade é que matou o gato (que não tem nada a ver com a história, mas está na ilustração).
Consultei jornais portugueses e soube que o corpo de uma mulher foi encontrado fechado em uma espécie de nicho na parede de uma casa. Uma casa comum, em um bairro residencial comum, na freguesia de Rio Tinto, município de Gondomar, cidade localizada a 317 quilômetros de Lisboa, no norte de Portugal.
Em fevereiro de 2018, os pedreiros que executavam um serviço de reforma no imóvel encontraram a ossada humana embrulhada em folhas de um jornal datado de 1970 dentro de uma parede. O exame necrológico apontou que se tratava de uma mulher idosa e que tinha como vestimentas uma camisola, um sutiã com fecho de cordel e umas pantufas. O esqueleto também usava um anel de ouro branco.
O portal conta que exames de DNA, autópsia, pesquisas genealógicas, investigações em cemitérios, bibliotecas, registros paroquiais e a busca de testemunhas foram inúteis. Não foi possível identificar de quem eram os restos mortais.
Ao final, a Polícia Judiciária solicitou autorização ao Ministério Público para encomendar a reconstituição facial do crânio da múmia junto a algum especialista nesse trabalho, o que foi negado. O argumento de recusa foi que isso seria inútil, pois “se a morte tiver ocorrido há mais de 15 anos, já não pode haver procedimento criminal, porque já decorreu o prazo de prescrição”, declarou uma fonte do Zap.
Com essa decisão, o assunto voltou para o arquivo até que apareça alguma pista relevante que leve à solução do mistério. Enquanto isso a “múmia de Rio Tinto”, como a imprensa portuguesa apelidou o caso, permanece incógnita.
Concluindo, perdi um tempo precioso querendo saber quem era a múmia que a reportagem não respondeu e fiquei na mesma. Acontece.
[Crônica XLII/2024]