Pedrão chegou ao velório xingando o Botinha morto (Imagem gerada por I.A. Co-piloto/Microsoft.Com)
Na pequena e distante Bororé, nas grotas do Rio Grande do Sul, as famílias Botinn e Toledo moravam em uma fazenda, que incluía em seus domínios uma área de 3 mil metros quadrados de terra sem escrituração.
Com a morte do patriarca dos Bottin, ficou combinado que Aloir Bottin, o Botinha, passaria essa área para a irmã dele e ao cunhado, Aurélio “Pedrão” Toledo, conforme já estava combinado antes do falecimento do velho Bottin.
No dia marcado para a formalização do contrato, o destino deu um outro rumo para a história das duas famílias. O Botinha caiu de um andaime na construção em que trabalhava, e morreu antes de solicitar ao tabelião da comarca a escritura do imóvel para o Pedrão.
Aurélio Pedrão estava em outra cidade e ao saber do acidente voltou o mais rapidamente possível, e foi para o velório, que era realizado na casa do finado.
Para surpresa de todos que estavam na vigília, Pedrão entrou na sala abruptamente, chegou perto do caixão do Botinha e passou a xingar o defunto de todos os impropérios que sabia e ainda inventou alguns.
As ofensas, claro, ficaram sem resposta, o que parece ter deixado Pedrão ainda mais irritado. Ele então partiu para a agressão física, esmurrando o corpo do cunhado, que também não reagiu.
A patrulha da Brigada Militar foi chamada e, com dificuldade, levou o agressor para a delegacia, onde foi enquadrado no artigo 212 do Código Penal, por vilipêndio.
Enquanto aguardava o julgamento em liberdade, Pedrão se recusou a comparecer à missa de sétimo dia do cunhado Botinha, agora chamado de “traidor” quando o assunto era o extinto.
[Crônica XXXVII/2024 – Texto baseado em fatos e publicado no jornal O Guaporé, de Porto Velho (RO), edição de 15 de abril de 1990]