28 de fevereiro de 2024

Lunáticos

Por José Carlos Sá

O chefe de polícia mandou reforçar a tropa contra os lunáticos (Imagem gerada por I. A. Co-piloto/Microsoft.Com)

Uma das crendices que adotei e que não há explicação científica que me faça mudar de ideia é o poder ou a influência da lua em coisas terrenas, sejam as marés, seja a menstruação feminina ou sobre o humor de algumas pessoas.

Lembro que (bem) antigamente chamavam de “aluado” ao menino distraído, quieto, “no mundo da lua”, ou, ao contrário, aquele sujeito que ficava atacado de fúria por algum ou nenhum motivo. Hoje chamam de bipolar.

Eu, por experiência própria, gosto de cortar os cabelos na lua minguante, isso porque eles vão demorar mais a crescer e economizo com o barbeiro. 

Conheci madeireiros em Rondônia que também observavam as fases da lua para cortar árvores para determinado fim; além do livro de poesias que a amiga Nilza Menezes lançou há muitos anos, chamado “A doida que caiu da lua”. 

O extremo da crença na influência da lua encontrei numa edição do jornal O Globo sobre o chefe de polícia da cidade alemã de Ludwigshafen que mandou reforçar o policiamento e suspender as folgas dos policiais em noites de lua cheia.

Por essa atitude começaram a desconfiar da sanidade mental dele, que correu o risco de ser internado em um manicômio, como o dr. Simão Bacamarte, em “O Alienista”, de Machado de Assis.

Para evitar o hospício, o chefe de polícia provou com estatísticas que havia mais crimes, suicídios, roubos, acidentes e outras ocorrências quando a lua cheia estava brilhando no céu.

Por isso acredito na lua. Ou todos os demais estão doidos?

 

[Crônica XX/2024 – Texto inspirado em uma crônica minha publicada no jornal O Guaporé, de Porto Velho (RO), em 5 de abril de 1990]

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Crendices Lua Machado de Assis Nilza Menes O Globo Superstições 

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