
A grana estava em um pote de sorvete enterrado no quintal (Ilustração gerada por I. A. – Co-pilot/Microsoft.Com)
Quando eu poderia imaginar que um sonho de criança iria se realizar na minha velhice? Nunca!
Na infância eu ficava extasiado ouvindo histórias que tinham “tesouros” no enredo. Em Ali Babá e os 40 ladrões, por exemplo, imaginava aquela caverna com um monte de moedas reluzentes de ouro.
Mais tarde eu mesmo li os livros – entre eles “A ilha do tesouro” – e me detinha nas páginas que descreviam os tesouros dos piratas, os mapas que eles faziam para encontrar os baús cheios de joias, que escondiam para despistar os outros corsários. E o tesouro enterrado que se prezasse precisava do respectivo mapa do tesouro para possibilitar a sua recuperação.
Meu irmão e eu desenhamos os mapas usando como base os moldes de corte e costura que vinham encartados na revista Manequim, que mãe comprava. Enterrávamos objetos no quintal e fazíamos o mapa para que o outro encontrasse.
Dizem que ainda existem muitos tesouros de piratas escondidos por aí, aguardando alguém que os encontre e fique rico! Eu acredito nisso.
Mas nem estava pensando no assunto quando senti a lâmina do enxadãozinho batendo em alguma coisa. Eu estava capinando o canteiro do jardim. Comprei a casa há duas semanas e o antigo dono não se preocupava com a aparência do local, e o mato estava alto.
Encontrei um saco preto, desses usados para colocar lixo. A boca estava amarrada em um nó. Pensei: Isso aqui é lugar para enterrar lixo?
Quando peguei no saco ele se rasgou e vi uma embalagem azul de sorvete envolvida em plástico filme. Opa, aqui tem mistério. Abri o pote e estava repleto de notas azulinhas de 100 reais. Todas novas, amarradas em pacotes.
O que não é meu não é meu. Chamei a polícia e logo descobriram que era mesmo um “tesouro de piratas”: O filho dos antigos donos desviou dinheiro público e o enterrou no quintal.
Pronto realizei o meu sonho de criança (e ainda fiz uma boa ação)!
[Crônica XVI/2024 – Inspirada na história do homem que encontrou uma grana enterrada no jardim, em Palmas (TO)]