A partida de futebol rolava normal e monotonamente pelo campeonato amador intermunicipal, o “Brejão”. O relógio do estádio marcava 39 minutos do segundo tempo e o placar de 0 a 0 satisfazia os dois times, que pareciam conformados pelo resultado e não aparentavam querer tomar nenhuma iniciativa para vencer o jogo.
EstDe repente o centroavante recebeu a bola do goleiro e se preparava para chutá-la para frente, já que não tinha nenhum adversário por perto, quando – ninguém sabe de onde – entrou correndo no campo uma mulher nua.
Os jogadores, parados, não sabiam o que fazer. O juiz fez o gesto de tirar o cartão vermelho do bolso, mas dezenas de torcedores foram mais rápido, pularam o alambrado e começaram a perseguir a mulher, que agora corria desesperada, olhando para os lados, buscando uma direção para se livrar da turba.
Nisso apareceram os dois policiais que estavam de serviço para garantir a segurança do evento – um deles ainda com uma garrafa de refrigerante em uma das mãos e uma coxinha mordida na outra – olhando, sem entender, para a mulher nua que corria em direção deles e da galera que corria atrás dela, numa estranha maratona.
Todos foram parar na delegacia, e agora o time mandante do campo (a equipe dona do estádio) poderá perder os pontos pela balbúrdia que impediu o final daquela pachorrenta partida de futebol.
[Crônica XI/2024]