11 de outubro de 2023

O realismo fantástico de Wes Anderson em contos de Roald Dahl – A resenha de hoje

Por José Carlos Sá

O ator Benedict Cumberbatch é Henry Sugar, que consegue ver sem usar os olhos, no filme de Wes Anderson (Divulgação)

Assistimos há algumas noites quatro filmes do diretor norte-americano Wes Anderson, a quem a Netflix contratou uma série de trabalhos baseados em contos do escritor galês Roald Dahl (*1916 +1990).

Demorei um pouco para escrever esta resenha por ter me encontrado em um ‘trilema’ (dilema triplo): destacar mais os filmes, o diretor ou o autor? São três abordagens diferentes e interessantes, que mereceriam comentários mais aprofundados. Mas aqui é ‘pápum’.

Os primeiros curtas-metragem em exibição (na ordem em que assistimos) são  “A incrível história de Henry Sugar”, “O caçador de ratos”, “Veneno” e “O cisne”, são fieis aos contos de Roald Dahl, escritor que há algum tempo vem sendo criticado por que seus textos são considerados ofensivos e as obras dele estão sendo reeditadas, para serem retiradas palavras como “feio”, “preto” e gordo” usadas na descrição de personagens, além do autor ter sido acusado, ainda em vida, de antissemitismo.

As estórias beiram o realismo fantástico e trazem desfechos que fazem o espectador ficar pensando se foi aquilo mesmo que viu ou se deve pegar o controle remoto e retroceder alguns minutos para assistir de novo. O diretor usa artifícios teatrais – uma das marcas de Anderson – como a percepção dos cenários como tal e os atores falando de frente para o espectador, além de abusar de cores vivas, em um ambiente bem artificial.

As histórias disponibilizadas na Netflix, são de um milionário que descobre uma forma de trapacear no jogo de cartas e ficar mais rico; no segundo, um caçador de ratos profissional é contratado para dar fim aos roedores que ameaçam se espalhar por uma cidade e usa métodos pouco ortodoxos. No filme “Veneno”, a personagem principal não aparece na tela. É uma cobra krait malasiana (Bungarus candidus), que vive no oeste da Ásia e na Indonésia e é altamente venenosa. A drama se dá em torno de um homem que acredita ter uma cobra dessas sob o lençol e evita se movimentar temendo a picada letal. Apesar do trama tenso, há um humor sarcástico no episódio.

Já em “Cisne”, a narrativa tem um ar mais soturno, mostrando as consequências de um bullying e teria sido escrita originalmente destinada ao público infanto-juvenil. Roald Dahl, que também foi roteirista de cinema, é autor de entre outras obras para aquela faixa etária, de “Charlie e a fábrica de chocolate” (deu origem ao filme “A fantástica fábrica de chocolate”), e o “Fantástico Sr. Raposo”, que em 2009 foi para as telas do cinema sob a direção de Wes Anderson.

Recomendamos e estamos aguardando os outros filmes do pacote: A Fantástica Fábrica de Chocolate, Matilda, O Bom Gigante Amigo, Os Pestes, Charlie e o Grande Elevador de Vidro, O Remédio Maravilhoso de Jorge, Boy – Tales of Childhood, Going Solo, O Crocodilo Enorme, A Girafa, o Pelicano e Eu, Os Minpins, O Dedo Mágico, Esio Trot, Dirty Beasts e Rhyme Stew.

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Antissemitismo Benedict Cumberbatch Cinema Filmes Krait malasiana Netflix Roald Dahl Wes Anderson 

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