Este ano tive a oportunidade de acompanhar eventos do Ciclo do Divino Espírito Santo em Florianópolis, que começou no dia 13 de maio com missa solene e cortejo pelas ruas do centro histórico. Na quinta-feira (28), participei de três atividades relacionadas ao tema: a abertura da exposição “O céu que nos protege”, a sessão especial na Câmara dos Vereadores e a missa de encerramento dos festejos na Catedral.
Estandartes
A ideia do curador da exposição, Andy Rodrigues, foi convidar artistas de diferentes formas de expressão para que desenvolvessem o tema Divino Espírito Santo. A cada um dos participantes foi dado um estandarte padrão em veludo sintético vermelho e a criação ficou por conta deles. Os 14 estandartes representam as comunidades onde se realizam anualmente a festa do Divino: Centro, Ribeirão da Ilha, Monte Verde, Trindade, Rio Tavares, Prainha, Pântano do Sul, Lagoa da Conceição, Campeche, Barra da Lagoa, Rio Vermelho, Santo Antônio de Lisboa e Canasvieiras.
“Aqui temos obras de arte com vários elementos diferenciados da cultura local e resumem a nossa fé e a nossa tradição nas nossas festividades do Divino Espírito Santo”, resumiu Roseli Pereira, presidente da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, que promoveu a mostra como parte do Ciclo do Divino Espírito Santo.
Entre os artistas participantes da exposição, os amigos Osmarina e Paulo Villalva, que apresentaram o estandarte em que a pomba do Divino foi confeccionada com escamas de tainhas e de anchovas. “Quisemos sair um pouco do nossa área que a cerâmica e fizemos usando escamas de peixe, uma das características culturais aqui da Ilha, que é a tainha”, explicou Paulo.
As escamas foram limpas e tratadas pela Osmarina e estavam guardadas há muitos anos. “Brinquei que era uma premonição esperando para se realizar. Meu avô e também minha avó, mãe e pai eram devotos do Divino, e, ao trabalhar na elaboração do estandarte, veio toda a lembrança deles”.
O artista plástico Jone Cézar de Araújo também procurou marcar sua arte com elementos locais: a renda de bilro e uma pérola. Jone usou rendas produzidas pelas rendeiras Glorinha, dona Zeneta e dona Catarina, além de festão dourado. “A pomba foi confeccionada com um tecido da Nigéria e o olho da pombinha usei uma pérola encontrada numa ostra na Ilha de Santa Catarina, o que é raríssimo. Como é uma exposição nobre, eu trouxe essa pérola que significa a visão do Espírito Santo sobre a gente”.
A mostra fica aberta ao público das 12h às 18h, de segunda a sexta-feira, até o dia 1º de dezembro, na Galeria de Artes José Cipriano da Silva, na torre do Mercado Central de Florianópolis. A entrada é gratuita.
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