29 de agosto de 2023

Palavras Mágicas – Aventuras e mistérios na Ilha de Santa Catarina para crianças – A resenha de hoje

Por José Carlos Sá

Na história Anzol do céu, Ana e Flora cavalgam um boitatá e conhecem bruxas boas (Ilustra Jandira Lorenz; foto JCarlos)

Com o subtítulo “Aventuras e mistérios na Ilha de Santa Catarina para crianças”, o livro Palavras Mágicas (Ondina Editora, Florianópolis, 2023; ilustrações Jandira Lorenz), da professora e escritora Bebel Orofino, dá a pista do que virá nas suas páginas. As crianças que lerem ou escutarem as histórias contadas, com certeza embarcarão com as personagens nas eventualidades que se transformam em grandes experiências, daquelas que temos quando estamos na fase entre o sono leve e o pesado. Uma terra chamada Devaneio.

A aventura começa quando a menina mexe no espinhel no rancho de pesca do avô (Ilustra Jandira Lorenz; foto JCarlos)

Para chegar a esse lugar, a criança pode usar outros caminhos. Pode ser um armário, como em “As crônicas de Narnia”, no quartinho do oratório – no meu caso -, ou no rancho, onde o avô guarda os apetrechos de pesca e outras  tralhas. Nesses lugares é só deixar a imaginação tomar as rédeas e a gente vai longe.

Zeca foi ver onde a Ondina da Lagoa da Conceição morava (Ilustra Jandira Lorenz; foto JCarlos)

Bela foi levada pelos ares pelo bater das asas dos pássaros que ela alimentava (Ilustra Jandira Lorenz; foto JCarlos)

Uma troca de experiências entre bruxas britânicas e manezinhas (Ilustra Jandira Lorenz; foto JCarlos)

Um amor improvável entre uma menina e um lobisomem (Ilustra Jandira Lorenz; foto JCarlos)

Tavico deu uma cabeça de catuto [cabaça], e olhos de sementes de garapuvu à mula que não tinha cabeça, apenas um fogo que saía do buraco do pescoço (Ilustra Jandira Lorenz; foto JCarlos)

A primeira frase da história ‘Anzol para o céu’ já me pegou de jeito. Está escrito assim: “A surpresa é a armadilha do distraído”. E é verdade. Comecei a ler o livro enquanto esperava o almoço ficar pronto e – como se dizia antigamente – zás! Embarquei nas viagens pendurado na pandorga, depois nas costas do boitatá, voei com os passarinhos, peguei uma carona na vassoura de uma das bruxas inglesas e mergulhei para ver as Ondinas da Lagoa da Conceição. Eu também me assustei com a mula sem cabeça e até ajudei a procurar a cabeça do animal, para em seguida ser assombrado pelo uivo de um lobisomem, enquanto seguia  o louco que morava em um dos cantos  da lagoa catando o lixo das praias.

A personagem, “o louco local” e a inspiração, Valdir Agostinho (Ilustra Jandira Lorenz; foto CMF)

As histórias do livro são releituras de lendas passadas de geração em geração, com um acréscimo aqui, uma mudança acolá, que ao invés de distorcerem, dão às narrações um ar de novidade. O novo é a inclusão do “louco local”, um sujeito que recolhia o lixo nas praias e o transformava em objetos úteis. A inspiração desse personagem, mesmo se não houvesse referência escrita ao músico e artista plástico Valdir Agostinho, “bate” com a figura do estimado, que recicla materiais descartados em suas obras de arte e na roupa que usa.

É uma leitura para desanuviar o cérebro. Recomendo.

[ 1: çã í , 25 2023, ;
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