Há 122 anos nascia uma mulher que resistiu à sua época, ganhou batalhas e deixou o exemplo de resistência passiva e ativa a muitas marginalizações que continuam até hoje como o racismo e o machismo, para citar apenas duas delas.
Mulher negra, Antonieta de Barros nasceu treze anos após a assinatura da Lei Áurea, filha de uma ex-escravizada. Eleita deputada estadual foi vítima da discriminação dentro do parlamento catarinense. As ofensas que recebia ela respondia à altura na tribuna da Assembleia Legislativa e através de artigos na imprensa da pequena e provinciana Florianópolis, ridicularizando o agressor.
Era uma educadora nata. Abriu escola para alfabetizar as crianças pobres e foi diretora de estabelecimentos públicos. Fez do magistério um dos seus ideias de vida.
O nome de Antonieta de Barros foi incluído no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria no início deste ano, sendo um dos primeiros atos assinados pelo presidente Lula, então recém-empossado. Autora da biografia “Antonieta de Barros – Professora, escritora, jornalista, primeira deputada catarinense e negra do Brasil” (Cais Editora, Florianópolis, 2021), Jeruse Romão destacou, em entrevista ao Portal ND, que Antonieta lutava pela igualdade salarial entre mulheres e homens e pela oportunidade para que todos tivessem acesso à educação. “Por isso digo que ela trouxe um diferencial, inspirou e inspira muitas mulheres”.
Na matéria citada acima, de onde tirei as aspas da professora Jeruse Romão, vale uma observação. A autora do texto cometeu um lapso, que é um sonho de muitos: a longevidade. Escreveu a repórter, se referindo a Antonieta de Barros: “Se estivesse viva, nesta terça-feira (11), ela completaria 122 anos”. Completaria 122 anos e espantaria a ciência, acrescento.