Desde novembro do ano passado vêm se desenrolando as apurações sobre um esquema de desvio de dinheiro público em diversas cidades catarinenses. A matéria-prima da armação é a coleta do lixo realizada por empresa que adotou o mesmo modus operandi que ficamos conhecendo sobejamente (eita!) a partir da super cobertura midiática da falecida Operação Lava Jato.
A Operação Mensageiro – que é o nome dado à apuração – tem outros pontos em comum com a Lava Jato: vazamentos seletivos de parte dos processos, figuras públicas – prefeitos, secretários municipais e vereadores – envolvidas presas, superfaturamento e divisão da “mais-valia” entre os participantes.
No entanto, a corrupção continua mesmo com pessoas detidas e o caso ter sido exposto pública e diariamente. Um dos prefeitos presos tinha telefones celulares na cela, despachava com os secretários e cumpria agendas, recebendo até um deputado estadual em audiência, provavelmente para solicitar a inclusão de emendas parlamentares no Orçamento. Estou querendo acreditar que o motivo do encontro foi nobre e em defesa dos munícipes que elegeram o administrador municipal deles.
A empresa envolvida – que já mudou de nome, mas não de métodos – também copiou do modelo desvendado pela Lava Jato, um departamento de propinas, digo “Departamento de Operações Estruturadas”, que executava um complicado esquema de lavação de dinheiro através de terceiros fornecendo notas fiscais frias. Já a distribuição do dinheiro aos prefeitos corruptos também tinha umas artimanhas para dificultar que a grana fosse rastreada. Aí outra semelhança lava-jatista: o mensageiro fez um acordo de delação premiada e entregou o esquema todo, que é como uma caixa de lenços de papel: puxa um, sai outro junto.
E a coisa segue como um moto-contínuo, não para nunca…