Uma das músicas gravadas pelo saudoso Moreira da Silva, de quem gosto muito, é “Acertei no milhar”, de 1940. Nela o narrador informa para a mulher, Etelvina, que vão mudar de vida, pois ficou milionário. Entre outras coisas anuncia: “(…) eu vou comprar um nome não sei onde/de Marquês Morengueira de Visconde (…)”.

A família Sá usa – há séculos – estas armas em seu brasão. A minha dúvida é se vou adotar o brasão com os suportes azuis ou vermelhos (Reprodução de imagens da Internet / montagem Pixi /JCarlos)
Não fiquei milionário por herança ou loteria, mas ontem recebi um e-mail anunciando que meu nome foi indicado e aprovado para receber em novembro deste ano, em festa a ser realizada no centenário Esporte Clube Sírio – um dos preferidos pela elite paulistana -, uma comenda acompanhada de diploma, troféu, medalha e barrete, pin metálico, selo de qualidade e selo do ticket do Diário Oficial (para provar autenticidade).
E o melhor de tudo: o título de comendador, que passarei a usar a partir daquela data, vai me acompanhar perpetuamente! Isso se eu não morrer antes. Tem esse porém.
O que é um comendador?
Para não cometer gafes, fui pesquisar o que é um comendador, o que come, onde vive e se procria.
O título foi criado há muito tempo na Europa “e existiu durante muitos séculos como uma estratégia de assegurar e preservar a conquista das terras e incentivo a expansão territorial. A terra doada deveria ser obrigatoriamente defendida pelo comendador do ataque de invasores e inimigos”. Na hierarquia da nobreza, o título de comendador vem depois de grã-cruz e grande oficial e acima de oficial e cavaleiro.
Li também que quando surgiram na Idade Média, além da homenagem, as comendas eram acompanhadas de recompensas financeiras e fundiárias. Até agora ninguém pediu meus dados bancários nem o número do CPF para registrar em meu nome um apartamento à beira-mar de Balneário Camboriú ou uma “data” em São Joaquim para ver a neve de dentro de casa…
Como na música do Morengueira, a Marcela me acordou: “É golpe!” Não deu tempo nem para fantasiar um pouco…