Na semana passada, a prefeitura da cidade paulista de Campinas anunciou, para breve, um conjunto habitacional destinado a 116 famílias, dos 450 moradores de uma invasão nas proximidades do Aeroporto Internacional de Viracopos, que deixaram seus barracos no cumprimento de uma reintegração de posse. A atitude seria aplaudível se não fosse o tamanho das unidades habitacionais: 15 m².
Após a onda de críticas, o prefeito campinense, Dário Saadi (Republicanos), se defendeu: “coisa criada pela esquerda lacradora, que nada faz pela população e busca atrapalhar o trabalho de quem faz”.
A Cohab (Companhia de Habitação Popular), em nota, tentou uma justificativa, alegando que “as famílias vivem hoje em barracos de madeira de 4 a 5 metros quadrados, e que a aquisição inicial era somente o lote, não a construção”.
Já o professor Fábio Muzetti, da faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas, lembra que “essas pessoas vão continuar vivendo em situação precária, apenas um pouco mais humanizadas. Vão começar a criar ‘puxadinhos’ à sua maneira e desconfigurar o planejamento urbano do bairro. Desencadeia um efeito de favelização.”
Na capital paulista a prefeitura constrói um conjunto habitacional semelhante, mas com 18 m² de área construída. Muito melhor que o projeto campinense! [Contém ironia, tá?]
O presidente Lula, na live semanal transmitida hoje (19), comentou a iniciativa: “Aquela história do prefeito [de Campinas] de fazer uma casa de 15 metros quadrados. Se essa moda pega, daqui a pouco estaremos construindo poleiros para que o povo possa morar. É o absurdo do absurdo do absurdo”
No beliscão
Há alguns anos, não muitos, assisti a uma reportagem da SIC-TV, de Porto Velho, em que o amigo Léo Ladeia comentava, na entrada ao vivo de um repórter desde Rolim de Moura (RO), a situação das casas entregues na ocasião pelo Programa Minha Casa, Minha Vida.
O repórter falava dos problemas que os moradores estavam encontrando nas casas recém-entregues, em que as cerâmicas estavam se soltando e o reboco caindo das paredes. Léo pediu então que o repórter desse um beliscão na quina de duas paredes externas e o que vimos no vídeo foi a argamassa se dissolver entre os dedos do jornalista.
E assim caminhamos…