15 de junho de 2023

Caçadores das tampas perdidas

Por José Carlos Sá

Titular do exército voluntário de catadores de tampinhas, vivo antenado em busca de ‘rolhas’ de garrafas PET ou de outros frascos que sejam recicláveis. Mas, como em toda guerra, há os reveses.

Enquanto aguardava o ônibus em uma praça, procurei um lugar para sentar à sombra. Encontrei um banco sombreado até a metade e que na sua parte ensolarada havia uma garrafa de água mineral, pela metade, com a tampa. Me sentei ali com segundas intenções, não havia ninguém na praça. A pessoa mais próxima era um homem que retocava a pintura do quiosque lá do outro lado.

Peguei a garrafa, tirei a tampa e coloquei no bolso; procurei e localizei a lixeira mais próxima para descartar a garrafa, que estava no trajeto que eu faria quando o ônibus chegasse. E fiquei distraído olhando para a rua, quando o pintor se aproximou, pegou a garrafa de água e perguntou: “Bebesse minha água?”. Me assustei e disse que não, e que pensei que a garrafa estava abandonada e tirei a tampa pela causa dos cachorros de rua etc. Devolvi a tampinha com o coração doendo. O cara saiu com cara feia e foi jogar a garrafa na lixeira dentro do quiosque. Só para me atazanar.

Miragem

Pintaram a cabeça do parafuso de branco só para me enganar (Fotos JCarlos)

Na academia, avistei uma tampinha branca sobre um dos equipamentos e pensei: “alguém trouxe a garrafinha e esqueceu a tampinha ali”. Atravessei o tatame e fui direto ao meu alvo. Peguei no objeto, mas não consegui removê-lo. Era a cabeça do parafuso que fixa alguma peça e foi pintada de branco para confundir os incautos e pobres caçadores de tampinhas.

Resumo: Sou catador voluntário de tampinhas plásticas pela causa animal, mas as vezes eu me dou mal.