10 de maio de 2023

Essa tal Rita Lee

Por José Carlos Sá

Rita Lee, com os irmãos Arnaldo e Sérgio, formava os inesquecíveis Mutantes; Abaixo as capas dos dois discos que eu tinha e ouvia muito: Atrás do porto e boss’a beatles (Reproduções)

– Ela não quer ser tratada, doutor, e não pensa no futuro. A minha filha tá solteira, doutor! Ela agora está lá na sala com esse tal de Roque Enrow!

O verso da música Roque Enrow (Paulo Coelho e Rita Lee) eu imagino que reproduza um diálogo que a mãe da Rita teve com o terapeuta dela. Afinal, a menina não queria nada com a vida normal, era uma ovelha negra de uma família de classe média paulistana. O pai dentista, filho de norte-americanos conservadores, era fã do general Robert E. Lee, que foi comandante do exército separatista na Guerra da Secessão, daí o nome composto da cantora e das irmãs dela. A mãe, descendente de italianos, era pianista e incentivou a filha a cantar.

Meu primeiro contato com Rita Lee foi na apresentação dos Mutantes, acompanhando Gilberto Gil, em um festival da TV Record em 1967. Depois tive “Ando meio desligado”, música gravada pelo grupo, como uma das minhas favoritas – e que continua até hoje. Na fase solo mais antiga, gosto de “José”, mesmo achando muito piegas. Depois de muitos anos, saiu o disco “Atrás do porto tem uma cidade” e tive a oportunidade de ir ao lançamento em Belo Horizonte.

A apresentação foi no antigo Teatro Francisco Nunes, no interior do Parque Municipal, no centro de BH. Com o rock pesado que  a Rita Lee, a Lucinha Turnbull e a banda Tutti Frutti tocavam, subimos nas poltronas de madeira, que desabaram. Muita gente caiu no chão e se machucou, sem seriedade. Os mega sucessos da Rita chegaram em seguida e eu os acompanhei apenas pelo rádio. Há alguns anos comprei o CD “bossa’n beatles”, que unia duas coisas boas: a Rita Lee cantando músicas dos Beatles de quem eu também gosto. Para mim fechou.

Em fevereiro passado, ao ouvir a notícia de que a cantora havia sido internada, pensei “vai ser agora”. Fiquei triste e fui escolher as fotos para ilustrar o texto que eu postaria no momento oportuno em homenagem a Rita Lee. Ela melhorou, recebeu alta e ainda anunciou a pré-venda do novo livro de autobiografia. Ontem de manhã (9/5), quando ia com a Marcela para um compromisso, recebi a notícia do desenlace final.

Deixo minha singela homenagem e meu agradecimento pelos bons momentos e recordaçoes que a Rita Lee me proporcionou.

Muito obrigado.

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Belo Horizonte Gilberto Gil Rita Lee Teatro Francisco Nunes Tv Record 

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