28 de abril de 2023

Olvidando o hino pátrio

Por José Carlos Sá

Por nada, lembrei-me hoje de uma lenda urbana da querida cidade de Guajará-Mirim (RO), que fica na fronteira do Brasil com a Bolívia, e foi protagonizada pelo capitão Alípio, famoso pelo jeito peculiar de fazer cumprir a lei.

Contam que apareceu na delegacia um homem para denunciar que roubaram a canoa dele, mas o cidadão fez a queixa em espanhol:

– Mi capitán, quitaron mi chalupita!

Alípio perguntou há quanto tempo o denunciante morava fora do Brasil.

– Hace seis meses que vivo en Bolivia, mi capitán y se me olvidé el portugués!

Em resposta, o capitão chamou seu assistente e mandou dar seis “bolos” com a palmatória na mão do infeliz, que com apenas seis meses morando do outro lado da fronteira “já havia esquecido o idioma pátrio”.

À vista da palmatória, a memória do homem foi prontamente restabelecida.

Esquecendo o Hino

Em 1995, fui um dos 25 participantes da Caravana da Integração Brasil – Bolívia – Chile – Peru, promovida pelas Federações da Indústria, Comércio, Associações Comerciais e Sebrae de Rondônia, em uma missão comercial aos países vizinhos.

Um dos líderes da delegação, o empresário Miguel de Souza, já havia liderado uma caravana ao Peru dois anos antes e, na ocasião, os brasileiros foram homenageados com um jantar em uma associação comercial de uma das cidades visitadas. Alguém sugeriu cantarem o hino brasileiro e foi um vexame. A maioria dos caravaneiros não sabia a letra da canção oficial.

Para evitar outra vergonha, recebemos um folheto contendo a letra do Hino Nacional Brasileiro de um lado e o Hino Céus de Rondônia do outro.

No ônibus, entre uma cidade e outra havia o ensaio geral, sob a batuta de algum dos viajantes. Em todas as solenidades das quais participamos, cantávamos o hino a plenos pulmões (claro que havia alguns que faziam mímica, igual aos jogadores de futebol).

Na cidade de Mollendo, na costa peruana do Pacífico, o mestre de cerimônias anunciou que em homenagem aos brasileiros, ele convidava o genro do alcalde local, um conterrâneo nosso, que morava na cidade há cinco anos, que cantasse o hino brasileiro. Não sei se por emoção ou por ter “olvidado”, o cara travou depois do “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas” e não saiu mais nada. Tivemos que socorrer o patrício entre risadas disfarçadas….