O museu da fábrica de Chocolates Garoto tem tudo que os outros museus têm: coisas antigas que guardam um momento do passado. Nesse caso, a história do fundador da empresa, a partir da chegada ao Brasil, o início do negócio e a evolução da empresa até hoje. São 94 anos fabricando “doces”.
O museu fica anexo a uma das fábricas da empresa, em Vila Velha, cidade conurbada a Vitória, capital do Espírito Santo. A guia nos conta a história do chocolate, desde o plantio até ser embalado em formato de gostosura, digo de bombons e barras.
A origem do cacau usado na fábrica, segundo a Bruna, nossa condutora, é 80% da Bahia e os demais 20% são provenientes de produtores capixabas e da Costa do Marfim, país africano distante 4.900 km de Vitória. A Marcela, em defesa de seus conterrâneos, quis saber a razão de não ter cacau da Amazônia. A resposta: a necessidade de certificações, que nossos produtores amazônidas não teriam.
A história começou com imigrante alemão Henrique Meyerfreund fabricando balas de açúcar, que eram vendidas em tabuleiros de madeira por meninos, nos pontos de bonde de Vitória. Segundo a história, foi a freguesia que deu nome ao produto: “balas do garoto”.
O tempo passou e a Garoto é uma das dez maiores fábricas de chocolate do mundo (segundo a própria empresa), pertencendo hoje à suiça Nestlé.
O ratinho
Meu primeiro contato com a Garoto foi na década de 1960, quando nos mudamos para Belo Horizonte e a nossa casa era vizinha a dos Meyer. Klaus (“Pêta”) de quem me tornei amigo, era filho do Seu João, representante da Bombons Garoto na região.
Quando ia à casa deles, o seu João nós dava uma barra de chocolate em forma de rato, que era embrulhado em papel alumínio e tinha um pedacinho de barbante à guisa de rabo.
No museu esperei ansiosamente para rever a minha referência de 60 anos. Ele estava lá, na mala do cacheiro viajante. Emocionado, lembrei do sabor peculiar daquele chocolate da infância.
Vale a pena enfrentar o trânsito caótico para visitar esse museu.