07 de abril de 2023

Uma cruz à beira da calçada

Por José Carlos Sá

Na beira da calçada tinha uma cruz (Fotos JCarlos)

Estava esperando o ônibus e vi um pedaço de cobogó (ou tijolo vazado/bloco vazado/elemento vazado ou sei lá como chamam), parte de algum entulho de construção. O fragmento tinha o formato de uma cruz. Ao lado do caco de cimento, um montinho de terra deixado pelo pessoal da Prefeitura alguns dias antes. Imediatamente me abaixei e coloquei a cruz sobre o morrinho, imitando uma campa. Pronto, criei um cenário.

Para completar a fantasia, declamei mentalmente uns versos do poema “A cruz da estrada”, do poeta romântico e abolicionista Castro Alves, que foi leitura obrigatória nos meus tempos de Grupo Escolar, lá pela década de 1960. Diz o verso:

Caminheiro que passas pela estrada,
Seguindo pelo rumo do sertão,
Quando vires a cruz abandonada,
Deixa-a em paz dormir na solidão.

O ônibus veio e os meus devaneios se foram.

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