Esta é uma das expressões dos manézinhos da Ilha de que mais gosto: “Mófash c’a pomba na balaia!”. Sei da existência dela pela literatura – crônicas e dicionários de manezês – ou impressa em camisetes e outras lembrancinhas de Florianópolis, no entanto, nunca a ouvi de boca nenhuma, porém, já senti na pele o seu conceito, no sentido mais lato possível.
A frase significa que você pode demorar a conseguir o que quer, e que, muito provavelmente, nem consiga. A origem, segundo a tradição oral, surgiu quando uma mulher perguntou a um pombeiro o preço de uma pomba que era exposta para venda em uma cesta de vime. Ao ouvir a resposta, ela teria dito: – Mofas c’a pomba na balaia!
“Pombeiros” eram chamados os vendedores ambulantes que comercializavam aves, pombas inclusive. Depois o nome passou a ser usado para qualquer um dos vendedores ambulantes que percorriam as ruas da antiga Florianópolis apregoando os produtos levados pendurados em uma vara sobre os ombros.
Mofei na balaia da UBS
Em 2019, alguns meses depois que nos mudamos para cá, precisei ir ao posto de saúde do bairro (UBS) por causa de erupções que apareceram na minha pele e imaginei ter sido mordido por uma aranha. Cheguei cedo, assim que começou o atendimento, e consegui uma senha. A minha consulta foi marcada para as 16h. Lá pelas 15h15 eu voltei e me apresentei na recepção dizendo:
– A minha consulta está marcada para às 16 horas, cheguei mais cedo, pois se alguém antes de mim tiver desistido, o médico pode me atender logo.
A recepcionista deu um risinho “de canto de boca” e apontou para o lugar onde eu deveria esperar ser chamado. Da hora que eu cheguei ao horário agendado, não saiu nem entrou ninguém no consultório do médico, que, pontualmente às 16 horas, abriu a porta e me chamou.
Foi aí que entendi o risinho da recepcionista e a expressão mofas c’a pomba na balaia…