Antes que pudesse tomar fôlego (e comentar o que vi e o que vivi) das comemorações dos 273 anos de São José da Terra Firme, onde vivemos, comecei a me dedicar ao aniversário de 350 anos de Florianópolis. Foram preparadas dezenas de atrações – de iniciativa pública e privada – reunidas em uma extensa programação, que será encerrada domingo (26) com o show de Gilberto Gil.
A semana de comemoração começou para mim no dia 20, segunda-feira. O Museu de Florianópolis – administrado pelo Sesc – ofereceu e fui conferir o programa “Cine Desterro: Mostra de Curtas Manezinhos”, uma sequência de quatro curtas metragem feitos por acadêmicos como trabalho de conclusão de curso (o temido TCC), segundo nos disse a monitora do evento. Foram eles “Perto do Mar”, “Paisagem Urbana”, “A Pandorga e o Peixe” e “De Meiembipe a Chuquisaca: A descoberta do Império Inca”.
O curta “Perto do Mar” conta a história de um pescador que queria, quando morresse, ser “enterrado” no mar. Um amigo tenta cumprir a última vontade do extinto, mas recebe a resistência do padre e do delegado. Uma história que tem sustança para ser recontada depois. Em “Paisagem Urbana”, a câmera do diretor Pedro MC explora detalhes da arquitetura de Florianópolis e dos moradores anônimos.
Pandorga e espinhel
Gostei de “A Pandorga e o Peixe”, que registra a pesca que era feita usando a pandorga – ou papagaio, pipa, arraia, dependendo da região do país -, amarrada ao espinhel (uma sequência de anzóis com iscas para peixes). No filme alguém afirma: “Pesca com pandorga é para pescador que não quer molhar os pés”. O meu destaque vai para a trilha sonora do filme, especialmente a última “São Lourenço”, de autoria do multiartista Valdir Agostinho. Ele conta (fui pesquisar) que a música foi composta a partir da memória de infância, quando ele via os pescadores do Canto da Lagoa, onde nasceu, usando este artifício: “A pandorga está na terra e o espinhel está no fundo do mar”, foi o primeiro verso composto.
Deixei, por fim, para comentar De Meimbipe a Chuquisaca, também um documentário que chamam de híbrido: tem animação, entrevistas e os realizadores refizeram a viagem que teria sido feita por Aleixo Garcia, em 1516, da então Ilha de Meiembipe até os Andes, usando o Caminho de Peabiru. Muito interessante e instrutivo. Para quem interessar, deixo o link do vídeo aqui.
Nas galerias de artes
Saí do Museu de Florianópolis e atravessei a rua, entrando no Arquivo Histórico do Município de Florianópolis. Nos altos do prédio funcionam duas galerias de arte “quase secretas”: a Galeria Municipal Pedro Paulo Vecchietti e o Memorial Meyer Filho.
Na Galeria Pedro Paulo Vecchietti, a exposição coletiva “Aprendendo a lidar com as incertezas” reúne obras de treze artistas. Arbitrariamente, destaco aquelas que me impressionaram mais.

Nesta montagem à esquerda, a obra Da série Invisibilidade da visibilidade, 2020 – José Carlos da Rocha. À direita, a foto que acredito ter inspirado o artista, Cemitério Vila Formosa – SP, 22052020 – Nelson Almada/AFP
A Galeria Memorial Meyer Filho expõe a obra do artista Sandro Clemens, intitulada eu-e-isso. As legendas das obras estão em caixa baixa, conforme estão grafadas nos materiais promocionais da mostra.
Serviço:
Exposição coletiva: Aprendendo a lidar com as incertezas
Onde: Galeria Municipal Pedro Paulo Vecchietti
Endereço: Altos da Praça XV de Novembro, 180 – Centro – Florianópolis
Horário: De segunda a sexta-feira, das 12h às 18h (Não há indicação até que dia as obras ficarão expostas)
Entrada grátis
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Exposição Individual: eu-e-isso, de Sandro Clemens
Onde: Memorial Meyer Filho
Endereço: Altos da Praça XV de Novembro, 180 – Centro – Florianópolis
Horário: De segunda a sexta-feira, das 12h às 18h – Até o dia 31 de março de 2013
Entrada grátis