02 de março de 2023

Adeus a Márcio Porto

Por José Carlos Sá

Márcio Porto na apresentação do Termo de Referência para os estudos de implantação dasuzina (Foto acervo JCarlos/2004)

Será enterrado em Uberlândia (MG), na tarde de hoje (2/3), o engenheiro Márcio Antônio Arantes Porto, que era diretor e representava Furnas Centrais Elétricas no consórcio responsável pelos estudos de implantação dasuzina do Rio Madeira. Márcio Porto, como era conhecido, morreu ontem vítima de uma descarga elétrica que recebeu quando realizava alguma atividade na fazenda dele no interior de Goiás.

Eu o conheci quando fui contratado para preparar um roteiro de audiências com autoridades para o então presidente de Furnas José Pedro Rodrigues de Oliveira e diretores e um evento de apresentação da empresa aos rondonienses. O motivo era a inauguração do escritório da concessionária em Porto Velho, que serviria de base para os técnicos que trabalhavam nas pesquisas em toda região que seria impactada pelos empreendimentos das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau.

A inauguração foi em novembro de 2003 e no início do ano seguinte recebi um convite do amigo Luiz Fajardo, da assessoria de Imprensa de Furnas, para uma reunião no escritório de Porto Velho. Ao chegar fui apresentado ao diretor Márcio Porto que disse, sem rodeios: “A empresa é muito boa e democrática, mas tem algumas regras que precisam ser observadas. Você não pode dar entrevista em nome de Furnas, os contatos da imprensa serão feitos só com o conhecimento do Fajardo, do Afonso [Afonso Goulart, gerente do escritório] (…)”, etc.

Eu fiquei ouvindo e, quando ele parou um instante para ir atender a uma ligação telefônica, falei para o Fajardo: “Não estou entendo porque o diretor está falando isso comigo. Eu não trabalho aqui…” que respondeu rindo: “É mesmo”. Quando o Márcio Porto retornou à sala, Fajardo disse: “Ô Marcio, você está dando ordens ao Sá, mas ele não trabalha conosco!” Foi aí que eu fui convidado a fazer parte do Projeto Madeira, onde passei dez anos da minha vida.

Em uma ocasião eu acompanhava o Márcio Porto em um evento (do governo ou da prefeitura, não me lembro mais) em que ele faria uma apresentação do Projeto Madeira. Como ocorria tradicionalmente, foi cantado o hino Céus de Rondônia no início dos trabalhos. Após o seminário, o Márcio pediu a letra do hino, por ter gostado especialmente do verso que inicia o poema: “Quando nosso céu se faz moldura // Para engalanar a natureza (…)”.

A amizade com o Márcio Porto permaneceu após termos saído das empresas de energia. Em nosso último contato, ele me convidou para visitar a fazenda dele quando passasse a pandemia. Não deu.

Desejo que o Márcio Porto descanse em paz, e que Deus conforte a família e os amigos que ele deixou por onde esteve.