Uma das (muitas) coisas boas de que dispomos hoje – Marcela e eu – é a possibilidade de participarmos de atividades culturais, sem gastar muito (só a sola da havaiana), nem grandes deslocamentos. Na semana passada, visitei quatro exposições no centro histórico de Florianópolis, observando obras de vários artistas das mais diversas inspirações.
No Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa, a exposição “[Inde]pendências e seus transbordamentos no contexto catarinense”. Atravessando a Praça XV de Novembro, visitei duas exposições na Galeria de Arte Pedro Paulo Vecchietti/Memorial Meyer Filho, uma mostra individual do artista peruano Ciro Palomino – Consciência – e outra coletiva, que faz parte do Circuíto de Exposições Poéticas da Relação – O elementar se recompõe, com as artistas indígenas Auá Mendes, Jaider Esbell e Moana Tupinambá. Na Sala José Cipriano da Silva, no Mercado Público, os trabalhos de Denilson Antônio com o tema Boi Bumbá.
Um grande remendo
A exposição [Inde]pendência merece um comentário. São obras de vários autores, de temas e épocas variados, que os curadores deram um jeito – e que jeito – de costurar com a linha da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822.
Temos, por exemplo, uma cópia da obra de Victor Meirelles “A primeira missa no Brasil” pintada por um aluno dele e outro quadro sob o mesmo tema visto pela ótica dos povos indígenas que aqui estavam; uma representação do bandeirante Dias Velho, fundador da vila de Nossa Senhora do Desterro, futura capital da Província de Santa Catarina; há peças arqueológicas resgatadas nas obras de recuperação dos jardins do Palácio Cruz e Sousa; também peças e outras coisas relacionadas à ponte Hercílio Luz e ao governador que começou a sua construção; passamos por um conjunto de quadros do artista Hassis sobre a Guerra do Contestado; uma imagem de Santa Catarina; uma placa que seria inaugurada pelo presidente João Figueiredo em 1979, mas aconteceu um protesto de estudantes conhecido como “Novembrada” e um desenho do Zé Carioca, aquele.
Consciência

Gostei muito da legenda do cartaz da esquerda: “A leitura nos permite navegar entre sonhos imaginários e objetivos futuros” (Fotos JCarlos)
Indígenas
O Boi de Cá
[In](ter)dependência

Zé Carioca entrou nessa mostra como Pôncio Pilatos entrou no Credo… No local onde o quadro fica normalmente exposto, no prédio do Arquivo Público, há a seguinte legenda: “Fernando Lindote – Corrida do Papagaio – Óleo sobre tela | 170 x 150 cm – A obra Corrida do Papagaio parte da figura internacionalizada pelos Estúdios Disney. Fernando Lindote, ao recuperar a imagem do papagaio, traz nesse movimento um elemento de identidade nacional presente tanto na imagem quanto na cor verde esmeralda da tela. A figura do papagaio correndo remete de forma ambivalente, tanto ao desejo de superação e desenvolvimento das estruturas sociais do país, quanto à fuga de tudo aquilo que representa o atraso e a estagnação.” Então tá explicado. (Foto JCarlos)