Aproximadamente há dez anos, através da leitura do livro O fantástico na Ilha de Santa Catarina, tomei conhecimento do trabalho de pesquisa etnológica desenvolvido pelo professor Franklin Cascaes. No entanto, só muito tempo depois é que fui entender a importância da coleta de dados sobre as tradições herdadas pelos descendentes dos imigrantes açorianos que formam a cultura imaterial da região deixada pelos portugueses vindos do Arquipélago dos Açores que foram trazidos para povoar um trecho do litoral sul do Brasil a partir de 1758.
A partir da nossa vinda para Santa Catarina aprofundei meu interesse na cultura que nos cerca e, especialmente, no legado de Franklin Cascaes. Também fiquei conhecendo pessoas que conviveram com o professor ou que têm identidade com os assuntos que ele pesquisava, como o professor Gelci “Peninha” José Coelho e os artistas plásticos Osmarina e Paulo Villalva e o Jone Cézar de Araújo, entre outros.
Agora tive a oportunidade de visitar a mostra Franklin Cascaes – Artistas, que expõe peças – esculturas e desenhos – criadas pelo próprio Franklin Cascaes e que fazem parte do acervo sob a guarda da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), no Marque (Museu de Arqueologia e Etnologia). O meu sentimento foi de um reencontro com o mestre.

Mboy Tatá – “Nesta Ilha do Desterro / O boitatá já fez furor. / Meteu susto a muita gente / Principalmente ao pescador…” (Foto JCarlos)

Vaca Tatá Enréia – 1964 – “O boitatá nasce na lama / No cemitério ou no mato / Não precisa de parteira / Para atrapalhar o seu parto” (Foto JCarlos)

Em sentido horário: Dor e esperança – 1968; A segurança da salvação humana. E foi para o pai – 1968; Apresentação da mais bela história da terra – 1968; Santa Cruz – 1968 (Fotos JCarlos)

Criança embruxada – sem data “(…) Num pealo, os pais viram a criancinha definhar-se que nem carne de peixe escalado que fica muito tempo no sol (…)” Trecho da narrativa Estado fadórico das mulheres bruxas – 1954, no livro O fantástico na Ilha de Santa Catarina (Foto JCarlos)

Aqui uma observação. Em algum momento de sua carreira de professor/pesquisador, Cascaes deixou de escrever “Florianópolis” ao datar suas obras e passou a colocar “N. Sª. do Desterro”. Era uma forma de protesto contra a mudança do nome da cidade por motivos políticos (Fotos JCarlos)
Serviço:
O quê: Exposição Franklin Cascaes – Artista
Local: MArquE/UFCS (Museu de Arqueologia e Etnologia
Horário: De terça a sexta-feira, das 9h às 17h