07 de janeiro de 2023

O Terno de Reis e os Reis Magos que não eram nem reis nem magos

Por José Carlos Sá

Artigo de jornalista português questionando a existência dos 3 Reis Magos (Reprodução Portal ZAP)

Comecei o dia de ontem, 6 de janeiro, lendo um artigo assinado pelo jornalista português Nuno Teixeira da Silva enumerando inúmeros argumentos para provar que os três estrageiros – citados no Evangelho de Mateus – a quem a tradição popular atribui serem ‘reis do Oriente’, ou os três Reis Magos, nunca existiram.

Cartaz do Encontro de Terno de Reis (Arte Maurílio X. Roberge/Divulgação)

No início da noite, porém, eu fazia parte dos felizes convidados para o cortejo que acompanhou o 21° Encontro de Terno de Reis do Largo da Alfândega à Catedral do Sagrado Coração de Jesus, no centro de Florianópolis, fechando o Ciclo do Natal para os católicos. O evento, que não era realizado há dois anos por causa da pandemia, também marcou a chegada à Ilha de Santa Catarina dos 473 açorianos em 6 de janeiro de 1748, há 275 anos portanto.  Eles seriam os primeiros de um total de 5.500 ex-moradores do arquipélago dos Açores, distante 7,6 mil quilômetros, que vieram para terras brasileiras.

A comemoração dos Santos Reis foi introduzida no Brasil pelos jesuítas diz a História, e é comemorada de muitas formas nas diversas regiões brasileiras. O Terno de Reis foi trazido para Santa Catarina pelos açorianos e recebeu “influências dos africanos, escravizados ou libertos, e celebravam o reisado pelas ruas de Desterro numa convergência cultural”, explica o texto distribuído pela Fundação Franklin Cascaes da Prefeitura de Florianópolis.

O nome do encontro remete aos três reis magos – colocados em dúvida pelo colega português -, Melchior, Gaspar e Balthazar; às três oferendas: ouro, incenso e mirra; às três dimensões de Jesus: realeza, divinidade e humanidade; aos atos dos reis: chegada, anúncio e despedida; ao trio de cantores: o triplo ou tripa, que canta fino ou falsete, o repentista e o baixão, que faz o solo e segunda voz. Para terminar, os instrumentos que acompanhavam a cantoria também eram, originalmente, a viola, a rebeca e o pandeiro.

Segui os músicos e cantadores dos grupos de Terno de Reis, saindo do Largo da Alfândega, passando pelo Mercado Público – entrando pela ala sul e saindo pela ala norte -, subindo a rua Deodoro, ‘cambando’ às direita na rua Felipe Schimidt, até chegar à praça XV. Depois fomos para Catedral, esperando o encerramento da missa para a solenidade de apresentação dos cinco grupos. O 21° Encontro de Terno de Reis foi encerrado ao lado do presépio montado na praça.

Se os reis magos existiram ou não, deixo aos estudiosos resolver. Enquanto isso não acontece, sigo comemorando o Dia de Reis.

Algumas cenas da festa:

A concentração foi no Largo da Alfândega (Foto JCarlos)

O cortejo passou pelo interior do Mercado Público (Foto JCarlos)

Subindo a rua Deodoro, em frente a Igreja de São Francisco (Foto JCarlos)

Na Catedral. À direita, de costas, o prefeito Topázio Neto, de Florianópolis (Foto JCarlos)

Apresentando as bandeiras da Região Autônoma dos Açores, de Santa Catarina e de Florianópolis (Foto JCarlos)

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Dia de Reis Festa de Reis Fundação Franklin Cascaes Prefeitura de Florianópolis Terno de Reis 

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