Falar que eu fiquei emocionado e não consegui segurar as lágrimas é uma descrição muito pobre do que senti ao assistir “A última sessão de música”, nome da turnê de despedida do Milton Nascimento, na noite de domingo (13).
O espetáculo foi no Mineirão, palco de grandes eventos artísticos e futebolísticos, onde eu não colocava os pés desde a década de 1970 (jogo América – MG 0 X 0 Portuguesa – RJ).
As pessoas chegavam aos poucos, sem tumulto, com a expectativa marcada nos rostos. Todos tínhamos consciência do momento histórico que estávamos vivendo.
Colocaram nos telões um vídeo clipe do Milton Nascimento e Gal Costa cantando Paula e Bebeto (Milton & Caetano Veloso) e o povo cantou junto. Pouco mais tarde o cantor Zé Ibarra fez a abertura do show, quando a ansiedade em ver o ídolo fazia com que os minutos parecessem horas.
As luzes se acenderam sobre o palco “e os zóio se enche d’água que até a vista se atrapaia”* quando o rosto do Milton Nascimento surgiu nos telões. De onde eu estava, via apenas uma figura sentada, com os músicos ao fundo. Mas só de saber da presença dele ali, não importava nada. Foi a primeira vez que assisti a um show do Milton.
O repertório ia sendo desfiado como um rosário e eu acompanhava o coro quando a emoção permitia.
Não sei quanto tempo durou a apresentação nem quantas músicas foram apresentadas. Sei que meu coração ainda está lá, como na música Fazenda (Água de beber / bica no quintal…), do Nelson Angelo.
* Verso de Cuitelinho, da cultura popular, recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Carlos Xandó.