O sinal para que os passageiros de ônibus urbanos avisem ao motorista que vão desembarcar é acionado por uma cordinha presa ao teto dos veículos ou botoneiras instaladas próximas às portas de saída. Uma vez acionado o sistema emite um breve aviso sonoro e se acende uma luz no painel à vista do condutor.
Dia desses o passageiro esqueceu-se de avisar a sua vontade de descer e só o fez quando o ônibus passava em frente ao ponto. Do fundo do busão gritou:
– Motorista, não vai parar? Eu quero descer!
Ao que o motorista respondeu antes de abrir a porta: – Puxasse depois da parada, heim?
Antes de ter este sistema “moderno” que emite apenas um sinal sonoro, o aviso de parada tinha um som estridente e a campanhia tocava enquanto o passageiro estivesse puxando a cordinha, o que provocava a reação dos trocadores mineiros:
– Isso aí [a cordinha] não dá leite!
Ou – Não é para pendurar, é só para puxar!
Ou – O freio do carro é no pé do motorista!
Algarismos Romanos
Eu já confessei de público que não sou bom para decifrar signos e sinais. Desde que comecei a pegar o ônibus todas as manhãs, vejo uma jovem estudante que sempre está vestindo um abrigo de frio com algumas letras bordadas no peito. As letras estão escritas em maiúsculas e tem a mesma tipologia daquelas usadas em letreiros e cartazes antigos.
Imaginei que representassem um número em algarismos romanos e tentei decifrar qual era o algarismo que representavam. C = 100; M = mil; e L = 50.
Pensava, pensava, mas não chegava a uma conclusão, depois me distraia com outra coisa.
Um dia vi que tinha, em tamanho menor e quase apagadas, as palavras “São” e “José” bordadas abaixo do enigma romano. Então consegui resolver a charada: Não eram números romanos, mas as iniciais da escola em que a jovem estuda: Colégio Municipal Maria Luiza de Melo, o “Melão”…
E precisava desse drama todo?