24 de outubro de 2022

Confundido com sócio do Bob Jeff

Por José Carlos Sá

Viatura da Polícia Federal crivada de balas de fuzil (Divulgação/PF)

Tirei o domingo para colocar minhas leituras de livros em dia – pelo menos pegar nos livros de novo – e não queria saber do mundo contemporâneo, embarquei em uma viagem à primeira metade do século 20 para a divisa entre Santa Catarina e Paraná, conhecida como Região do Contestado. Estava empenhado nas batalhas travadas entre os jagunços do monge João Maria e os peludos da Força Pública quando a Marcela informou: “O Roberto Jefferson resistiu à prisão e dois agentes da PF estão feridos!”

Segundos depois de processar a notícia perguntei, inocentemente: “O que aconteceu com ele?” (já pensando na correria nas redações para redigirem o obituário do ex-deputado). Na hora não havia muita informação e eu interrompi a leitura do Bruxo do Contestado (escreverei a resenha oportunamente) e fui saber mais da treta.

Incrivelmente – mas isso tem explicações sociológicas e políticas – o cara resistiu à prisão usando fuzil e granadas, continuou xingar o STF e ainda foi vivo para a cadeia, acompanhado de escolta e com direito a manifestação do fã clube na hora da saída do comboio de viatura.

O saldo, além da vergonha alheia e do desmascaramento total da impunidade, foram os dois policiais feridos, um cinegrafista de uma afiliada da Rede Globo agredido covardemente.

Baú do Zé

O então deputado Roberto Jefferson se defende da denúncia da Veja e joga caca no ventilador (Foto Agência Câmara)

Minha recordação mais antiga de Roberto Jefferson é da época da cassação do mandato do ex-presidente Fernando Collor. O então deputado fazia parte da chamada tropa de choque collorida, juntamente com o ex-senador por Rondônia Odacir Soares.

Mais tarde, já em 2005, foi a vez da eclosão do escândalo do Mensalão. A revista Veja publicou uma matéria a partir de um vídeo gravado com um dos diretores dos Correios, Maurício Marinho, que entregou como era feita a arrecadação de fundos para comprar votos dos deputados. Roberto Jefferson – envolvido até a moleira no caso – partiu para o ataque e colocou coisas no ventilador, jogando ‘caca’ para todo lado.

Assessor Parlamentar – Brasília 2005 (Foto Beth França)

Nessa época eu estava trabalhando na Câmara dos Deputados e logo depois da publicação da matéria da Veja, eu embarquei no elevador acompanhando o deputado Miguel de Souza e um outro deputado (estávamos no elevador privativo dos parlamentares) apontou para mim e disse: Pensei que era o Maurício Marinho! Respondi rapidamente: “Sai fora! Arreda, capeta!”