Como não consegui me desviar do tema durante o almoço, declarei minha total confiança na urna eletrônica usada no país.
Contei aos meus colegas – a maioria jovens – como era a votação e apuração no passado, a contagem de votos em papel durante semanas. Era uma coisa cansativa para todo mundo: para quem fazia o escrutínio, para os jornalistas, para os candidatos e para o eleitor.
Disse a eles que acompanhava a minha avó à sessão eleitoral – só não entrava com ela na “cabine indevassável”, que era uma coisa parecida com um provador de roupas, que ficava instalada em um canto da sala onde estava instalada a mesa receptora.
Até 1966, me lembro, que nas eleições proporcionais – deputados estaduais e federais e vereadores – eram usados envelopes, chamados de sobrecartas, onde se colocavam os santinhos dos candidatos nos quais você queria votar. Nas eleições majoritárias – presidente da República, vice-presidente (eram escolhidos separadamente), senador, governador e prefeito, você escrevia os nomes na cédula que era fornecida pela seção eleitoral.
No folclore político mineiro há uma história em que o fazendeiro chamou a peonada para combinar o horário que sairiam da fazenda para ir à cidade votar:
– Eu quero todo mundo aqui na sede amanhã cedo. Eu vou dar o ca
fé antes de vocês irem e o almoço quando voltarem. Quando chegar lá na zona eleitoral, vou entregar a vocês os envelopes que vocês vão levar para colocar na urna.
Um peão quis saber em quem eles iriam votar. O coronel respondeu raivosamente:
– O que é isso, ‘caba’? O voto é secreto!