14 de setembro de 2022

Carência comunicativa no pós-pandemia – Anotações censitárias

Por José Carlos Sá

Os recenseadores encontram pessoas com necessidade decom uma grande “demanda reprimida”  atenção (Foto JCarlos)

A pandemia da Covid-19 afastou as pessoas do convívio diário e a carência afetiva se tornou um dos efeitos colaterais da doença, até para quem não foi contaminado.

Temos recenseadores que estão na faixa etária designada como “idoso” pelos órgãos governamentais de saúde, grupo que era de risco durante o surto (e continua) e que estão carentes de conversar com alguém. Igualmente são encontradas pessoas que moram só e também querem desabafar com alguém.

Tudo é motivo para puxar conversa:
– Qual a data de nascimento?
– 15 de setembro de 1947.
– 1947? Eu tenho um tio que também nasceu em 1947, naquele período pós-guerra…

– = = – =

– Vou perguntar para a senhora sobre o seu marido. Qual o nome completo dele?
– Fulano Beltrano Sicrano… Ah, ele está tão doente, não consegue mais caminhar. Fica sentado ali o dia todo, minha filha. E eu também não estou muito bem e tenho umas dores no joelho, olha só, está inchado e dóCovidi quando fico em pé…
– Agora eu preciso saber se a senhora tem máquina de lavar roupas.
– Tenho sim, mas não presta, minha filha. A roupa fica cheia de bolinhas… Já falei com o Fulano: “Fulano, precisamos trocar essa máquina de lavar”. Mas, como eu te disse, ele está doente e ainda não pudemos sair para comprar uma máquina nova…

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Carência afetiva Censo 2022 COVID-19 IBGE Pandemia 

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