Algumas vezes, por falta de opção, tenho o desprazer de sentar no ônibus perto de dois jovens que, ao contrário da maioria dos demais passageiros, conversam muito.
Conversam alto e o tema do diálogo é um só: agressão mútua. Eu tento não ouvir, devanear (quase escrevo “Djavanear”), pensar em coisas boas, mas as vozes deles ultrapassam meus bloqueios.
Vou reproduzir algumas frases dessa amizade tóxica:
Ele: – Fiquei pensando… Nossa relação é de amor e ódio.
Ela: – Amor e ódio? Não! É de ódio-ódio!
…
– Você é uma vagabunda!
– Vagabunda é sua mãe!
Assim eles vão conversando alto, mas sem alterar as vozes, como se estivessem comentando a aula de química. O conteúdo é que é de veneno condensado, puro chorume.
Acho que eles deveriam aproveitar a promoção do Mercado Livre, comprar bonecos de Vudu, caixas de agulhas e dedicar o melhor do pior ao outro.
Argh!