Diariamente vejo motociclistas e motoristas fazendo ultrapassagens perigosas para se livrar da lentidão do ônibus em que viajo para o trabalho. O itinerário inclui algumas ladeiras – a maioria estreita – onde o velho veículo literalmente chora pelo esforço despendido. Os apressados se espremem entre o coletivo, os muros e os postes para passar à frente, muitas vezes, fazendo uso da buzina como se fosse um xingamento ao motora, coitado.
Alô, dona Maria, olha o carro da economia (Foto Marcos Ermínio/Campo Grande News)
Sempre que vejo essa cena recorrente me lembro de um ‘causo’ que o saudoso amigo Sérgio Mello me contou. Segundo ele, um caminhão seguia lentamente em uma rua vendendo laranjas, com o locutor anunciando pausadamente pelo alto-falante: – Alô dona Maria, traga o balde e a bacia para comprar no carro da economia! Laranja, laranja, laranja, ‘derreal’ o pacote…
Nisso surge um carro tentanto ultrapassar o caminhão das laranjas, usando a buzina de forma “prolongada e excessiva”. Quando foi possível o vendedor encostou o veículos dando passagem, mas comentou, através do sistema de som e no mesmo ritmo do pregão das frutas:
– E lá vai mais um corno atrasado! Laranja, laranja, laranja, ‘derreal’ o pacote…