A sugestão foi da Marcela, seguindo indicação da também jornalista Cora Rónai, mas levei algum tempo – mais de um ano – para assistir à série israelense Fauda (caos, em árabe) na Netflix, mesmo com essas duas “madrinhas”.
Depois dos primeiros episódios tomei gosto e ontem (15/08) vi o final da terceira temporada. No trocadilho infame, do título eu quis resumir a minha impressão sobre o conjunto da obra. É uma vingança sem fim ou a “Lei de Talião” – aquela do olho-por-olho, dente-por-dente – aplicada à última consequência.
Me interessei pela série por acompanhar um pouco de longe a eterna guerra entre israelenses e árabes pela posse da Palestina. A criação do Estado de Israel, após a Segunda Guerra Mundial, desencadeou uma guerra sem fim na região reivindicada como histórica tanto por árabes quanto por israelenses.
Na década de 1980, quando comecei no jornalismo, o assunto era pauta constante nas editorias internacionais. Em Belo Horizonte havia até um “consul” palestino que inundava as redações de releases sobre o assunto.
Na série, passada na Cisjordânia ocupada, uma brigada antiterrorismo se infiltra entre a população árabe para caçar e, de preferência matar, terroristas que colocam em risco os colonos israelenses.
Há muita referência com fatos e personagens históricos ligados ao conflito, que quando eram citados eu dava pausa no filme e fazia uma ligeira busca para entender o contexto.
Para fazer a infiltração em território árabe, o líder do grupo, Doron Kavillio (vivido pelo ator Lior Raz), se passa por amigo, namorado apaixonado e até professor. A personagem é uma síntese do que se pode chamar de uma criatura fingida, que manipula os sentimentos dos outros para obter as informações que necessita, mas, no final, acaba se envolvendo emocionalmente com quem ele enganou para “conseguir o seu intento mesquinho”, como dizia o samba do compositor Monarco.
Os dois lados da contenda se superam em crueldade o tempo todo, numa estranha disputa de quem mata mais, inclusive civis inocentes. É uma obra bem realizada sob o aspecto técnico, com imagens propositalmente tremidas, acompanhando a ação dos atores e belos enquadramentos dos cenários. Vale a pena ver para passar o tempo.
Serviço:
Fauda – Série em três temporadas
Diretor – Omri Givon
Onde – Netflix