Nós aprendemos na escola que o Benjamin Franklin inventou o para-raios durante uma tempestade, soltando uma pipa usando um fio de metal em 1725, certo? Pois é. No entanto, 25 anos antes um russo chamado Akinfi Demidov, que explorava uma mina de ouro na cidade de Neviansk, nos Montes Urais, distante 1.850 quilômetro de Moscou, instalou o primeiro para-raios na casa dele.
Lendo a informação acima, lembrei-me de uma anedota que era contada pelo saudoso amigo o jornalista Sérgio Mello. Ele dizia que três amigos gostavam de exagerar nos próprios feitos, mas quando alguém colocava a exorbitância em dúvida, o mentiroso, para se safar, dizia: “Faltaram só dois dedinhos”. Em uma matéria do boletim semanal do portal Russia Beyond (Além da Rússia), a piada contada pelo Sérgio passou a fazer sentido.
O boletim descreve várias descobertas e invenções desenvolvidas por cientistas russos ao longo da história e que chegaram atrasadas ao conhecimento público. Citam como exemplo a Internet e mais algumas curiosidades.
Você sabia que desde 1959 o engenheiro cibernético militar Anatóli Kitov criou uma rede de centros de computação, com o propósto das máquinas – sem nenhuma burocracia estatal – gerenciar a economia soviética? E que o cientista cibernético Viktor Gluchkov propos a criação de uma rede entre os computadores governamentais, em 1962? Nem um dos dois foi levado a sério pelos soviéticos e a internet só chegou à região após a dissolução da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas)? Pois é, faltaram dois dedinhos…
No caso do laser, dois cientistas soviéticos desenvolveram o conceito da aplicação prática de uma teoria criada por Albert Einstein no início do Século 20. O físico Valentin Fabrikant sugeriu, em 1939, que era possível “obter radiação eletromagnética constante e criar um feixe de luz direcionado”. A demonstração do conceito foi feito pelos cientistas Aleksandr Prôkhorov e Nikolai Basov, que dividiram o Premio Nobel com o físico norte-americano Charles Townes, “que realizou pesquisas independentes semelhantes”. Faltaram outros dois dedinhos.
Assim são várias outras invenções, como o computador digital automático, de 1948; a radiossonda meteorológica, de 1930; coração-pulmão artificial, de 1926; a televisão, a partir de 1899; o rádio, de 1895; a câmera de filmar, 1893; o bonde elétrico, em 1874; o primeiro monotrilho foi construído na Rússia em 1820, mas quem detém a patente é um inglês, que registrou o invento em 1821.
Há outras descobertas e invenções atribuídas aos russos, mas estes exemplos acima comprovam uma crença (minha) que o conhecimento está no ar, basta captá-los e saber como usar. Também é preciso registrar e divulgar (a velha história da galinha, da pata e dos respectivos ovos).