O cantor brega (Marcondes) Falcão publicou em seu perfil no Instagram a foto, sem legenda ou localização, de um cartaz em que o autor faz uma extensa relação de tudo aquilo que ele considera seja inspiração do demônio. A foto já circulou antes na internet, mas para mim é novidade, pois só estou vendo agora.
A pessoa que fez o cartaz – para não dizer que é uma questão pessoal – contextualizou cada inspiração capirótica, citando o livro, capítulo e versículo, onde a ação malfazeja é tipificada no Livro dos Livros, a Bíblia Sagrada, com a interpretação própria, como todo juiz faz.
Há também algumas coisas que vemos, cantamos, usamos e praticamos no cotidiano que, segundo o autor da placa, foram criadas por influência do próprio satanás, como a ferradura no pé do cavalo (Provérbios 12-10); atropelamento (João 10-10); pinga de corotinho (Habacuc 2-15); Fiat Marea (Naum 2:4); pastora do diabo (1 Coríntios 14-34), por exemplo.
Há outras indicações de infuências demoníacas, mas sem amparo bíblico, assinalando que é uma opinião do próprio redator, como a banda Olodum (citada duas vezes), luta do MMA, músicas do Jessé e Wando, Kumon, BR-153, TV a cabo, plano de saude, música na garagem da vizinha e as bonecas namoradeiras de Minas.
Acho que quase ninguém vai escapar desse index…
*O título da postagem foi inspirado na música “Não Existe Pecado ao Sul do Equador”, do Chico Buarque e Ruy Guerra, para a peça teatral Calabar – Elogio à traição. Chico tirou a ideia de um livro do pai Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, que por sua vez citou o cronista holandês Barlaeus, que no século 17, repercutia um pensamento europeu de que “a linha que divide o mundo em dois hemisférios também separasse a virtude do vício”: Ultra aequinoxialem non peccari, ou em tradução gugloniana, “Não peque além do equador”.