Igual a uma antena de radar, vou para o meu trabalho captando tudo o que eu possa transformar em crônica.
Hein?
Em uma dessas manhãs, eu aguardava o ônibus na parada e vi um homem numa bicicleta. Quando ele estava a uns três metros de onde estava, ouvi que ele falou alguma coisa. Pensando que me cumprimentava, eu disse “bom dia!”. Ele se assustou, olhando para mim respondeu à minha saudação com um bom dia sem graça. Aí que eu vi que ele usava fones e estava conversando com alguém pelo celular.
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Sensor insensível
Poucas vezes os passageiros que usam o Cartão Fácil – o Leva Eu* daqui – conseguem passar a roleta na primeira tentativa. Colocam o cartão na frente do sensor e a catraca não é liberada. Aproximam o verso e o vice também. A tarjeta é colocada na vertical, na horizontal, “colado” ao detector, de todo o jeito e nada.
As filas vão se formando atrás do infeliz, que cede a vez para que outro passe à frente e ocupe o único lugar vago. Esta semana uma mulher, depois de inúmeras tentativas, conseguiu passar pela roleta e sentou-se ao meu lado. Supondo ter chamado a atenção para si, foi logo se desculpando: “É mais um cartão que não presta. Já troquei duas vezes e continua não funcionando…” Respondi que o problema deveria ser o leitor instalado nos coletivos, já que muita gente enfrentava o mesmo contratempo todos os dias.
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Não funciona
Além do leitor dos cartões funcionarem com precariedade, os veículos que servem às linhas de ônibus são de vários modelos e anos. Como as catracas foram readaptadas depois que a função de cobrador ou trocador foi extinta, o sensor de leitura dos cartões eletrônicos ora fica à direita, ora à esquerda do passageiro. No lado oposto instalaram o dispensador de álcool gel.
É muito comum o passageiro entrar apressado e tentar liberar a roleta aproximando o cartão do dispensador de álcool, ao invés de aproximá-lo do sensor. Aconteceu comigo sexta-feira. Antes que eu começasse a xingar a máquina, percebi o meu engano e torci para que ninguém estivesse olhando para mim.
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A rua virou contra-mão
Eu estava embarcado no ônibus quando o motorista cumpriu o último balão da linha que eu uso. No dia seguinte, lá estava eu no primeiro horário e partilhei da surpresa que nos aguardava. Em determinada rua do itinerário, uma placa de “contra-mão” fora instalada na calada da noite. Os motoristas dos dois ônibus que estavam mais à frente tentavam dar marca-ré em uma rua estreita, com uma fila de veículos atrás deles, todos surpreendidos pela ação da prefeitura. Foram mais de dez minutos para que conseguissem resolver o imbróglio.
* Leva Eu era o nome do vale-transporte implantado pela Prefeitura de Porto Velho no primeiro mandato de Roberto Sobrinho (2005-2009)