Escapismo. Esta foi a palavra em que pensei ao encontrar este livro na estante de um brechó. Ando cansado de política, de guerra, da pandemia e das outras doenças oportunistas (se aproveitam da oportunidade da omissão de quem não fornece nem aceita vacinas) que voltam a aparecer.
Peguei a obra de J. M. Barrie (Sir James Matthew Barrie) pensando que o texto teria aquele enredo a que estamos acostumados, divulgado pelos estúdios Disney (e que eu gosto), com a participação do Capitão Gancho e os piratas, mas não era. Narrado em primeira pessoa, é como se fosse uma criança contando uma história para outra criança, com todo o direito à fantasia de quem acredita em seres mágicos e que são invisíveis para os adultos.
Para aquelas crianças, um mundo fantástico surgia quando eram fechados os portões dos jardins do Palácio de Kensington, na região sudoeste de Londres, e as fadas saiam para se divertir. Foi para onde Peter Pan se dirigiu quando saiu voando por uma janela do quarto dele.
Indeciso se era um passarinho ou um menino, Peter ouve os conselhos do corvo Salomão, conhecido pelas outras aves pelo mau humor. Com ajuda dos sabiás, o “meio-a-meio”, como era chamado pelos pássaros, ganha um ninho forrado de barro que usa para navegar o Lago Redondo e explorar a ilha da Serpentina. No decorrer da lenda, outras personagens que povoarão as histórias de Peter Pan vão aparecendo, como os ‘meninos perdidos’, que são crianças esquecidas pelas babás ou que se extraviaram nos diversos caminhos do jardim e não conseguem voltar para casa mais.
Por algumas horas esqueci o que queria esquecer.
A mensagem do livro, já conhecida por quem é jovem há mais tempo, é aquela: “Não deixe morrer a criança que há em você”. Muitos de nós já a deixamos morrer, enterramos e nos esquecemos onde é a sepultura.
Serviço:
Peter Pan – A origem da lenda – J. M. Barrie
Editora Universo dos Livros
São Paulo, 2015