Ao saber do passeio do Trem da Serra do Mar, mudamos nossos planos para as férias da Marcela. Estávamos estudando outros destinos e passamos a montar um pacote que possibilitasse “agregar valor” ao passeio, como diz o outro. Pesquisamos as cidades do entorno de Rio Negrinho – uma das pontas da ferrovia – e o que fazer em cada uma delas.
Roteiro decidido, fiz as reservas e fomos para a estrada. Escolhemos descer a serra no sentido Rio Negrinho – Corupá, ficando hospedados em São Bento do Sul, de onde saíamos e voltávamos após as visitas.
Sábado, 14, cedo nos apresentamos à estação Rio Negrinho e embarcamos para uma viagem de 60 quilômetros pelo antigo ramal, Linha São Francisco, que ligava o porto de São Francisco do Sul ao Planalto Norte.
A ferrovia foi construída a partir de 1906 e tinha o principal objetivo levar a erva-mate para ser exportada. A ferrovia faz parte da antiga RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A) e está sob concessão da empresa Rumo Logística.
A locomotiva a vapor que puxou os cinco carros de passageiros é uma Baldwin, fabricada na Filadélfia, EUA, em 1945 e foi restaurada – assim como os vagões de passageiros – pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), que tem uma oficina em Rio Negrinho, onde também mantêm um pequeno museu com peças diversas.
O passeio, como antecipei, desce a Serra do Mar, margeando alguns rios, entre eles o Hansa Humbolt e atravessa cinco túneis. A composição sai de Rio Negrinho, que fica a 791 metros, e sobe para o ponto mais alto do trecho do passeio que é a estação Rio Vermelho a 820 metros de altitude, descendo para Corupá, que está a 75 metros acima do nível do mar.
Das janelas do vagão de passageiros de primeira classe, que pertenceu à Rede Mineira de Viação, vimos pontes, viadutos, um grande trecho da Mata Atlântica preservada e outros trechos já com fazendas e sítios.
Também é possível ver, a distância, algumas quedas d’água e o Morro da Igreja, uma formação rochosa que aparece muito durante o trajeto, ora a direita, ora a esquerda, já que o trem ‘surrupeia’ a Serra do Mar, como diria o poeta paraibano Jessier Querino.
Chegando a Corupá, pegamos o ônibus de volta para o ponto de partida. Fizemos o passeio no sábado. Aos domingos a viagem é subindo a serra, o que torna o tempo de viagem mais demorado que as quase quatro horas da descida, contando com a parada do almoço e atrasos ocasionados por questões técnicas.
Vale a pena. Informações podem ser obtidas no endereço https://www.passeiosdetrem.com.br/
Recomendamos.
Às fotos:

A locomotiva a vapor puxou os carros de passageiros de ré. As estações não tem virador nem área de manobra. Hoje servem só de passagem para trens de carga (Foto JCarlos)

Pode não parecer, mas é a entrada de um dos cinco túneis existentes no trecho de 60 quilômetros (Foto JCarlos)